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Tem coisas que o dinheiro não pode comprar e nem deveria

Da Redação

| Edição de 15 de fevereiro de 2024 | Atualizado em 15 de fevereiro de 2024

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Depois de um hiato de duas semanas retorno com minha coluna neste ilustre jornal, mas não por uma questão de férias, mas por uma necessidade que explorarei a seguir, mas com cuidado para ser entendido pelo que disse, não pelo que se quer ler. Essa sensação de “perder o controle” entre o que eu escrevo e o que você entende, é o que dificulta qualquer comunicação, pois faltam os olhos nos olhos, a percepção da respiração e a tomada de fôlego que dá tom ao que escrevo. Posso estar escrevendo com um sorriso no rosto, mas se o tema não é do seu agrado.

Pois bem, depois dessa introdução tremenda, repleta de “imagens” para que você perceba que há leveza no que vou dizer e me mostrar menos agressivo, vamos lá... A saúde em Apucarana está um caos em todos os seus lugares e nessas duas últimas semanas fui testemunha e “paciente” desse processo. Primeiro e antes de qualquer coisa, não busco e buscarei qualquer culpado, deixo isso a quem deva fazer, pelo menos por enquanto não é minha essa função. Sei que a saúde é um problema em todo o país e não é de hoje, mas a gente só tem a completa noção de como o sistema é falho quando necessita dele. 

Fui erroneamente diagnosticado com dengue e depois de três testes negativos, “conclui” (eu pedi o teste) que deveria ser outra coisa, testando positivo para Covid. Entre uma coisa e outra, várias idas ao hospital e a clínica do plano de saúde. E o que percebi nestes momentos? Que a coisa está complicada e não sabemos por onde começar. Os funcionários sobrecarregados mal olham no rosto de quem procura ajuda, já que isso pode dar abertura para críticas que recebem constantemente por coisas que eles não têm controle. E aí que o atendimento deixa de ser humanizado, pois por uma sobrecarga eles não dão conta da urgência que eu acho que o meu caso tem – pode ser que nem seja tão urgente, mas quem está com dor, acha sempre que a sua é a pior de todas. 

Quando a dor era minha, eu ainda conseguia ser mais consciente, por incrível que pareça, do que quando busquei ajuda para a minha filha e para minha esposa. A minha incapacidade de conseguir resolver ou obter ajuda para elas, me levava a um desespero. Quando se é pai e marido, morrer parece menos pior do que deixar morrer. No meu ato egoísta, pensei qual era a “vantagem” de pagar um plano de saúde caríssimo se “tinha” o mesmo atendimento do que todos que estavam ali. Sei que parece e é um ato egoísta, mas luto muito para pagar, não ganhei de ninguém, entretanto, percebi que no fim, não faz diferença nenhuma. 

Entendo que no fim, todos deveriam ter um bom atendimento, mas o que vemos é que a padronização foi feita para baixo. Sendo assim, ao invés de lutar para que eu tenha um tratamento diferenciado e melhor, defendo que todos possam ter um bom atendimento independente do seu plano ou não. Não é uma questão do enfermeiro que me atende, pois em poucos minutos conversando entendi a luta daqueles jovens para fazer tudo acontecer. Nem mesmo os médicos que aceitam as condições nada ideais e superlotadas para atender uma população cada vez mais doente. Será que o culpado sou eu então? Saúde não é um privilégio e não deve ser tratada como prêmio de consolação, é um direito inalienável que deve ser respeitado. Precisamos parar de tentar achar culpados e começar a buscar soluções.

Guilherme Bomba