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​ Novo parque para proteger nascente é medida acertada

Da redação

| Edição de 16 de agosto de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Doado pela comunidade portuguesa ao Senac em 2006 para a construção da escola profissional, projeto que acabou tendo que ser transferido para outra área da cidade, o terreno localizado em frente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Apucarana finalmente vai ganhar um plano de manejo adequado.

A área, de 3 mil metros quadrados, está no entorno de uma das nascentes do Rio Pirapó. Essa proximidade com o manancial de uma das mais importantes bacias hidrográficas da região foi exatamente o motivo para uma polêmica queda de braço entre Ministério Público, Senac e Prefeitura. O MP exigiu o cumprimento à risca da legislação ambiental alegando que uma obra da proporção que se planejava para o espaço poderia suprimir a nascente. Apesar de criticada pela administração municipal da época, o posicionamento de cautela prevaleceu e a sede do Senac foi construída em outro terreno, na região do Jaboti.
De lá para cá, a área foi cercada e esquecida. O projeto de manejo anunciado nesta semana prevê, enfim, integrar esse espaço para cidade. O plano, aprovado previamente pelas autoridades ambientais competentes, prevê construção de pista de caminhada, implantação de bancos e academia ao ar livre e recomposição da mata ciliar com espécies nativas.
O projeto é um avanço em termos ambientais em uma área onde a convivência entre a nascente e a cidade sempre foi difícil. Por muitos anos a região era conhecida por ser um ponto frequente de alagamentos, problema que apenas recentemente foi praticamente solucionado após obras de reforço no sistema de escoamento. O abandono do terreno, cuja vegetação cresce sem controle, também causa transtornos para moradores da área.
Dar destinação adequada para este terreno, em um projeto que garante a permanência da nascente e, ao mesmo tempo, torna esse espaço de uso público, integrado à rede de parques da cidade é o destino mais acertado a se dar para essa região. Uma medida, aliás, que demorou a ser implementada. 
Ao poder público faltou o cuidado do seu Hiroshi Fukumoto, 87 anos. É no quintal da casa dele, em terreno vizinho a área que será revitalizada, que a água brota. Há 60 anos, muito antes das leis ambientais exigirem proteção na mesma medida que ocorre hoje, ele garante que a nascente permaneça correndo. Um cuidado contínuo, sem subsídio ou apoio governamental, que nunca foi reconhecido na medida da sua importância. A formatação dessa área de proteção não deixa de ser uma forma de validar esse legado. Dar, enfim, uma finalidade para área também é uma resposta à comunidade que doou esse terreno com intuito de abrigar uma escola e não um transtorno para vizinhos.