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Apucarana registra média de 20 casos de maus-tratos de animais por mês

Cindy Annielli

| Edição de 06 de dezembro de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A morte de um cachorro após ser espancado por um segurança, no estacionamento do hipermercado Carrefour em Osasco, em São Paulo, causou grande repercussão nacional. O caso do cão Manchinha levantou a discussão sobre a necessidade de conscientizar a população e punir com mais rigor os crimes contra animais. Em Apucarana, cerca de 20 cães e gatos em situação de abuso e maus-tratos são resgatados por mês pela Sociedade Protetora dos Animais de Apucarana (Soprap), o equivalente a 240 por ano.

O gestor do Canil Municipal, Luan Rafael Silva Santos, conta que os animais são resgatados nas mais diversas situações. Na maior parte dos casos, estão desnutridos e com vários ferimentos em virtude das péssimas condições aos quais eram submetidos. Na semana passada, ele resgatou um cão que estava amarrado sem água e comida em um sítio na região de Apucarana. O cão chegou a perder uma orelha que estava tomada por "bicheira", causada por moscas varejeiras.
"Esse tipo de situação choca por tamanha crueldade. O animal é como a gente, sente medo, dor, fome e sede. Então, temos que nos colocar no lugar dele", comenta.
Após o resgate, Santos explica que os animais são encaminhados ao canil e recebem os cuidados necessários e também acompanhamento veterinário. Depois de reabilitados, vacinados e castrados, eles vão para adoção. Contudo, o número de pessoas interessadas em acolher um animal abandonado é cada vez menor.
"Atualmente, o Canil Municipal abriga 160 cães adultos e 80 gatos. Fazemos campanhas para incentivar a adoção, temos feirinhas de posse responsável que ocorrem mensalmente e, mesmo assim, o número de adoções caiu 70% na cidade", comenta.
Embora o interesse por adoção seja baixo, o número de animais errantes no município está diminuindo por causa das castrações. Segundo Santos, o projeto já atendeu cerca de 2 mil animais desde a inauguração do centro cirúrgico do canil.
Em relação ao episódio ocorrido no Carrefour em São Paulo, Santos acredita que ainda falta uma melhor atuação do poder público nesses casos no sentido de criar programas para solucionar o problema. “Quando participo de congressos em outras cidades, percebo que Apucarana está à frente. Tem cidades que não tem sequer um projeto de castração ou um canil. Obviamente que as pessoas estão mais sensibilizadas com a causa animal, mas ainda há muito o que fazer”, analisa

Dedicação à causa na cidade
A psicóloga Marcele Ravar, voluntária da Sociedade Protetora dos Animais de Apucarana (Soprap), já tem 12 animais em casa. Mas isso não a impediu de acolher a cadela Lilly, resgatada no fim de novembro em situação de maus-tratos. Lilly foi encontrada totalmente debilitada, com bicheira, broncopneumonia e anemia grave. Além disso ela tem um ferimento grave no olho e corre o risco de perde-lo.
“Acho que falta mais amor, falta se colocar no lugar do próximo para ter mais compaixão pelos animais, porque eles precisam da gente. Também é uma vida”, comenta. 
Atualmente, Marcele tem 12 animais em casa e dois foram resgatados e estão com ela temporariamente até se recuperarem. Além de Lilly, ela cuida do Estopa. O cão ficou 47 dias internado e passou por quatro cirurgias após ter as costelas quebradas e o pulmão perfurado. Ele teve ainda a perna amputada.
Os casos de maus-tratos podem ser denunciados em Apucarana pelo telefone 9 9686-3680 ou diretamente na Polícia Civil.