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Botão do pânico devolve tranquilidade a vítimas de violência

Silvia Vilarinho

| Edição de 30 de novembro de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Noites em claro com medo de ser morta pelo marido. Essa situação foi vivida diversas vezes por Adriana de Lima Dias, de 34 anos. A costureira foi casada por seis anos e em cinco deles foi vítima de violência doméstica. Foi agredida fisicamente, ameaçada de morte e chegou a ser obrigada a pedir por bebidas alcoólicas para o ex-marido durante a madrugada. As marcas das agressões ficaram pelo corpo e principalmente na memória de Adriana, que é uma das apucaranenses beneficiadas com o botão do pânico. 
“Eu vivi um inferno. Depois de um ano de casada ele começou a beber e ficar violento. Eu aguentei calada, sofrendo por cinco anos. Não denunciei antes, pois eu tinha muito medo, mas eu percebi que eu tinha que tomar uma atitude e fiz a denúncia ”, detalha a costureira.
Adriana se separou há dois anos e, nesse período continuou passando noites sem dormir por causa das ameaças e agressões do ex-marido. Há quase oito meses ela recuperou a tranquilidade. A costureira foi uma das primeiras mulheres beneficiadas pelo dispositivo de segurança criado para garantir o cumprimento de medidas protetivas. 
A costureira já usou o dispositivo cinco vezes. Em todas as situações o ex-companheiro invadiu sua casa. “Nas três primeiras vezes que acionei o botão, ele conseguiu fugir. Na terceira, ele foi preso, mas ficou apenas quinze dias na cadeia. Ele saiu da prisão e veio novamente atrás de mim. Acionei novamente o botão e a GM veio muito rápido. Agora ele está internado para tratar seu problema com as bebidas. Mas eu continuo com o dispositivo, me sinto mais segura, me sinto até mais confiante”, desabafa Adriana.
Ela fez questão de deixar um recado para as mulheres que vivem no ciclo da violência doméstica. “Vá atrás dos seus direitos, tem que criar coragem e denunciar. A mulher tem que ter a consciência que pode acontecer algo muito pior. É possível sim recomeçar”, ressalta Adriana. 
Em Apucarana o botão do pânico está em funcionamento há quase oito meses. Em média, duas mulheres por mês acionaram o dispositivo e pediram por socorro. No total, já foram  realizados 17 atendimentos.
Após o acionar o botão, um alerta é enviado para o celular da Guarda Municipal que, de imediato, encaminha uma viatura. “Em menos de um minuto já recebemos o alerta e deslocamos o mais rápido possível. Após o acionamento do botão, é possível ouvir o que está acontecendo, se a mulher está gritando, se está acontecendo uma briga. Chegamos o mais rápido possível, atendemos a vítima, orientamos ela e, claro, vamos atrás do agressor”,  explica o GM Reinaldo Andrade.

MEDIDA PROTETIVA
Quatro homens foram presos em flagrante pela equipe durante o período. Conforme a GM, o dispositivo é concedido apenas para mulheres vítimas de violência doméstica que têm medida protetiva decretada pela Justiça. 
“Quando o botão é acionado, nossa preocupação é ir de imediato socorrer a vítima. Nosso sentimento é de proteção, pois é uma ameaça real, é uma mulher que precisa de ajuda”, finaliza o GM.

Serviço será ampliado
A concessão dos dispositivos é parte de um projeto-piloto desenvolvido pelo Governo do Estado e aplicado em 15 municípios do Estado. Apucarana foi o primeiro município a receber os equipamentos.
Para implantar a rede de proteção, além dos GMs diretamente envolvidos com os dispositivos foram capacitados profissionais das varas criminais, Polícia Civil e da Secretaria da Mulher e Assuntos da Família e Centro de Atendimento da Mulher.
Segundo o comandante da Guarda Municipal de Apucarana, Alessandro Carletti, o serviço vai ser ampliado. Entre 6 e 9 de dezembro haverá uma capacitação em relação para implantação da Patrulha Maria da Penha.
“Vamos assinar um convênio junto ao Estado, para que seja implantado essa patrulha. Em parceria com o Centro de Atendimento à Mulher vamos atender ainda mais as mulheres vítimas de violência. É uma determinação do prefeito, a defesa das mulheres, ” relata o comandante.