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Bullying faz parte do cotidiano escolar, alerta ouvidor do NRE

Vanuza Borges

| Edição de 23 de outubro de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O ataque a tiros contra colegas de sala de aula na última sexta-feira em Goiânia (GO) alerta para o perigo do bullying - termo em inglês usado para designar uma situação repetida de agressões físicas ou verbais contra uma pessoa – no ambiente escolar. O adolescente de 14 anos usou a arma da mãe, que assim como o pai é policial militar, para matar dois colegas e ferir outros quatros. Em depoimento, ele disse que era vítima de bullying. Para o ouvidor do Núcleo Regional de Educação (NRE), de Apucarana, Jorge Luís dos Santos, o bullying é uma situação comum no cotidiano escolar. 

“O bullying dentro da sala de aula é algo corriqueiro”, afirma. Porém, apesar de comum, o ouvidor avalia que as situações são difíceis de serem identificadas, uma vez que quem passa por essa situação demora para procurar ajuda. 
“Quando identificamos um caso de bullying, seja porque a vítima procurou ajuda, ou o professor identificou ou ainda que colegas tenham levado o caso à direção, trabalhamos para coibir. Além disso, o tema faz parte do currículo escolar”, afirma o ouvidor. 
Nessas situações, de acordo com o ouvidor, são chamados ambos os alunos, de forma individual, junto com os pais, para conversar sobre o assunto. E, em casos mais graves, é acionado o Conselho Tutelar e também os mecanismos que integram a Rede de Proteção. “Temos trabalhado tanto para coibir, quanto para orientar os nossos alunos”, diz.
No quesito orientação, segundo Santos, todos os professores trabalham com o tema em sala de aula. A Secretaria da Educação (Seed) tem trabalhado especialmente para combater o bullying na internet, conhecido como cyberbullying. Inclusive, no portal Dia a Dia Educação, tem material de apoio sobre o enfrentamento ao bullying e outras situações de violência para professores e gestores de escolas.
Na avaliação de Santos, a escola, naturalmente, é um espaço de conflito, diante da diversidade cultural dos alunos. “Porém, trabalhamos para orientá-los e para que respeitem as diferenças e também a tolerância com o outro”, diz. Além disso, ele revela que as escolas vêm trabalhando mecanismos, para conseguir mensurar os dados, o que ainda não é feito atualmente. 

ATOS EXTREMOS
Para a presidente da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (Abrapee), Marilene Proença, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), a violência física ou psicológica, intencional e repetitiva, é capaz de fragilizar um jovem a ponto de levá-lo a extremos contra si próprio ou contra terceiros. “Importante é não culpabilizarmos a criança, a família ou uma escola em particular, mas sim analisarmos o quanto estamos produzindo, socialmente, situações como esta”, defende a psicóloga. (Com Agência Brasil)