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Casos de tuberculose aumentam 27%

Vanuza Borges

| Edição de 15 de outubro de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Associada ao passado, a tuberculose resiste ao tempo e continua fazendo vítimas. De acordo com levantamento da 16ª Regional de Saúde (RS), de Apucarana, no ano passado 79 pessoas foram notificadas com o bacilo de Koch, número 27% maior que no ano anterior, quando foram registrados 68 casos. Somente nesse ano, 79 notificações foram feitas. Uma das dificuldades no combate à tuberculose, que já foi considerada a “doença dos poetas”, é o diagnóstico precoce, além da conclusão do tratamento, que tem duração de seis meses.

Imagem ilustrativa da imagem Casos de tuberculose aumentam 27%

No ano passado, o apucaranense Willian Vilas Boas, atualmente com 24 anos, ao fazer a terceira bateria de exames para tuberculose, enfim, descobriu que estava com a doença. Entre a suspeita e a confirmação, passaram-se três anos e, neste período, ele sentiu na pele os danos causados. “Como eu tenho hipertensão da artéria pulmonar e os sintomas são muito parecidos, demorou para diagnosticar a doença. Cheguei a fazer dois exames, mas os resultados deram negativos”, recorda.
No ano passado, já debilitado pela tuberculose, ele procurou um pneumologista em Londrina, e fez novamente os exames, que constaram a doença. “Nessa fase, eu sentia muito cansaço, cansaço para tomar banho, trocar de roupa, para caminhar, além de febre constante e muita tosse com sangue, além de ficar suado com frequência”, revela.
Assim que recebeu o diagnóstico correto, ele deu início ao tratamento. “No mesmo dia, eu comecei a tomar os remédios, que eram controlados pelos enfermeiros do postinho de saúde, porque tomar em excesso também faz mal. Hoje, já estou bem melhor, mas continuo tratando do coração”, observa.
William, que já se recuperou da tuberculose, aconselha, nos primeiros sintomas, a buscar atendimento médico. “A tuberculose está viva e pode matar, caso não seja tratada. Eu, antes do tratamento, tinha dificuldade para realizar atividades simples”, diz.
A enfermeira da 16ª Regional de Saúde, Anelize Helena Brizola, da Seção de Vigilância Epidemiológica, observa que realmente as maiores vítimas da tuberculose são pessoas com problemas de saúde, encarcerados, soropositivas e em situação de rua. “Muitas vezes, o diagnóstico é difícil, porque, principalmente, a tosse acaba confundida com sintomas de doenças alérgicas. A maioria dos casos realmente não é de tuberculose, mas de cada 100 suspeitas, três são confirmadas”, sublinha.
Por isso, ressalta a enfermeira a importância da investigação, que tem sido estimulada entre os profissionais de saúde. “Caso não seja tratada, a pessoa vai continua transmitindo. Somente após 15 dias do início do tratamento, a doença não é mais transmitida. Além disso, a conclusão do tratamento é importante para que a bactéria não se torne mais resistente e difícil de ser combatida”, argumenta.
“A tuberculose é uma doença que dá a impressão de ser antiga, mas acontece ainda. Porém, é uma doença de fácil controle, basta fazer a identificação correta e o tratamento, para evitar a transmissão para outras pessoas”, ressalta a enfermeira.
A tuberculose é possível prevenir a forma grave através da vacina BCG, que é aplicada no primeiro mês de vida da criança. A vacina, no entanto, diminui as chances de desenvolver formas graves da doença, como a meningite tuberculosa, mas não evita a tuberculose pulmonar.

Brasil registra
70 mil novos casos por ano
Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil, com 70 mil casos novos e 4,5 mil mortes por ano, está entre os países em que o controle da tuberculose é considerado prioritário pela Organização Mundial da Saúde. No mundo todo, são 10 milhões de novos casos e 1 milhão de mortes ao ano. 
Diante desse cenário preocupante, o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção à Saúde Pública (Caop) recomenda que os gestores públicos aproveitem este momento, em que está ocorrendo a discussão e a elaboração dos Planos Municipais de Saúde 2018-2021, para incluir indicadores sobre a tuberculose no documento, bem como na Programação Anual de Saúde e nos Relatórios de Gestão a serem futuramente apresentados. 
O Caop sugeriu inclusive que os promotores de Justiça reforcem a importância dessas medidas aos prefeitos dos municípios que integram suas comarcas.