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Com preço em baixa, plantio de milho será reduzido em 25%

Ivan Maldonado

| Edição de 12 de setembro de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A produção recorde de milho na safra 2016/17, os altos estoques e o cenário de preços baixos deve desestimular o plantio na safra próxima temporada nos 22 municípios que fazem parte da área de abrangência do escritório regional da Seab de Ivaiporã. Ontem, o Departamento de Economia Rural (Deral), divulgou a estimativa de área plantada do milho primeira safra 2017/18. 

Imagem ilustrativa da imagem Com preço em baixa, plantio de milho será reduzido em 25%
Agricultor Donizete Pires espera que o preço melhore para cobrir custo de produção

Conforme o boletim, se no ano passado os produtores cultivaram em área 15.250 ha. na temporada que se inicia a área será de apenas 11.500 ha. uma redução de 24,59%. Na área de 47,8 mil ha da safra de inverno 96% do cereal já foi colhido. Nesta safra a estimativa do Deral é que a regional feche o período com 240 mil toneladas. 
De acordo com o agrônomo do Deral, Sergio Carlos Empinotti, apesar da produção recorde de 5 mil quilos por hectares os preços baixos pago pelo milho R$ 18,30 a saca de 60 quilos, estão incentivando uma migração de área para a soja. Para se ter uma ideia, em agosto do no ano passado, a saca era cotada a R$ 35,57 na região.
“Mesmo a soja não estando no preço que o produtor tinha expectativa, ainda é uma opção melhor porque tem mais liquidez. Além disso, o produtor da região está mais preparado para o plantio dessa cultura”, opina. 
Empinotti, comenta ainda, que além da expressiva oferta, o valor do milho foi puxado para baixo pelo comportamento do mercado internacional e pela cotação do dólar. “Com o recuo da moeda norte-americana frente ao real, o grão foi depreciado. O consumo interno, apesar da avicultura ter crescido quase 25% no ano, não dá uma demanda tão grande que possa faltar milho”, explica.
Sobre o ritmo dos negócios do cereal, o agrônomo relata ainda é muito lento na região com os preços variando bastante. “Sobe R$ 0,60 num dia, no outro cai R$ 30. Com isso, acredito que apenas 30% do milho foi negociado. A maioria do pessoal está aguardando uma reação maior do mercado”, assinala Empinotti. 
O agricultor Donizete Pires, que também é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ivaiporã, é um desses produtores que aguarda preço melhor para negociar. Ontem, ele colheu a última área dos cinco alqueires que plantou, em média ele obteve uma produção de 210 sacas por alqueire. 
“No preço de mercado hoje estou no prejuízo, já que o custo de produção é de 220 sacas por alqueire em média. Ainda não comercializei porque tenho expectativa de melhora, se não tiver pelo menos a garantia do preço mínimo (R$ 19,21) é mais prejuízo ainda. Lembrando que quando se entrega o produto, tem também os descontos de aproximadamente 3,5%”, relata Pires.
Ainda segundo Pires, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep) já solicitou ao Governo Federal que seja cumprido o Programa de Garantia de Preços para a Agricultura Familiar (PGPAF). “É um programa de governo dentro do Pronaf que garante o preço mínimo para quem financiou. Já há sinalização do governo que o programa será cumprido. A gente está orientando, que na hora que o agricultor for quitar o financiamento, que ele exija do banco esse direito e seja compensado com a diferença que ele negociou a menos do preço mínimo”, completa.