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Combustível sobe quase 9 vezes mais do que a inflação com nova política de preços

Renan Vallim

| Edição de 12 de janeiro de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A política de preços adotada pela Petrobras em julho do ano passado pesou no bolso do consumidor de Apucarana e Arapongas. Os combustíveis, que estavam em queda no primeiro semestre de 2017, foram reajustado em até 15% no período entre julho e dezembro, após a vigência da nova cotação de valores. No mesmo período, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 1,73%. Com isto, a alta do combustível foi quase nove vezes maior do que a inflação do segundo semestre. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

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As maiores altas foram em Arapongas, tendo o diesel registrado os maiores índices. Em janeiro de 2017, o litro custava em média R$ 2,95 nos postos da cidade. No primeiro semestre, houve queda de 5,1%, chegando a uma média de R$ 2,80 em junho. No entanto, com a nova política de preços sendo implantada no mês seguinte, o valor saltou 15%, chegando a R$ 3,22. No acumulado do ano, a alta fechou em 9,1%, quase três vezes mais que IPCA de 2017, encerrado em 2,95%.
Em média, o litro da gasolina custava R$ 3,83 em janeiro de 2017. Os preços caíram 5% no primeiro semestre, chegando a uma média de R$ 3,64 em junho, patamar mais baixo do ano. Após a Petrobras adotar a variação diferenciada de preços, o valor médio saltou 14,3%, chegando a R$ 4,16 em dezembro. A alta nos 12 meses do ano foi de 8,6%.
O etanol, que custava em média R$ 2,94 em janeiro, caiu 12,6% no primeiro semestre, chegando a R$ 2,57 em junho. No entanto, o valor médio do combustível aumentou em 14% no segundo semestre, chegando a custar em média R$ 2,93 em dezembro. Mesmo com a forte alta entre julho e dezembro, houve redução média de 0,3% no acumulado do ano, principalmente por conta dos seis primeiros meses.
“Está muito difícil para o consumidor. As altas foram muito grandes e o salário não acompanhou esse aumento. É um grande absurdo, principalmente para as pessoas mais humildes, aqueles pais e mães de família que ganham pouco”, destacou a massoterapeuta Sandra Regina, de Apucaraba.
O vendedor Hudson da Costa também reclama. “Se não houvesse tanta corrupção, acredito que o governo não precisasse colocar os preços tão altos. Outra coisa que poderia ajudar é um sistema de transporte público com mais qualidade e a um preço justo”, ressalta.

APUCARANA
Em Apucarana, as maiores altas foram registradas pela gasolina. Em janeiro, a média era de R$ 3,85. Após queda de 3,4%, o combustível chegou a R$ 3,72 de média em junho. No entanto, no segundo semestre, a alta nos postos da cidade foi de 13,4%, elevando o preço médio para R$ 4,22. O reajuste do ano ficou em 9,6%.
O diesel, que custava em média R$ 2,97 em janeiro, caiu 1% no primeiro semestre, passando para R$ 2,94. Porém, após a alta de 9,7% no segundo semestre, o diesel fechou o ano custando em média R$ 3,23. A alta nos 12 meses de 2017 ficou em 8,7%.
No primeiro semestre do ano, o etanol caiu 7,1%, passando de R$ 2,96 em janeiro para R$ 2,75 em junho. Com a nova política da Petrobras, a alta no segundo semestre foi de 10,2%, com o etanol custando em média R$ 3,03 em dezembro. Ao longo do ano, o reajuste foi de 2,4%.

Gasolina foi reajustada 115 vezes no segundo semestre
A inflação oficial de 2017, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou abaixo do piso da meta pela primeira vez desde que esta medição foi criada. O índice fechou com alta acumulada de 2,95%, menor número desde 1998. No entanto, os combustíveis seguiram um caminho diferente.
Desde julho do ano passado, a Petrobras optou por realizar ajustes mais frequentes nos preços da gasolina nas refinarias, para acompanhar a variação do preço do petróleo no mercado externo. Também em julho, o governo anunciou o reajuste na alíquota de PIS/Cofins dos combustíveis. Na gasolina, a alíquota passou de R$ 0,3816 para R$ 0,7925 por litro.
O aumento acumulado da gasolina para distribuidoras chegou a 30% em 2017. O diesel, por sua vez, alcançou 28%. No período da nova política de preços, foram concedidas 115 mudanças de preços. Como os reajustes da Petrobras foram aplicados nas refinarias, eles não foram totalmente repassados para as bombas. Os postos têm liberdade para estabelecer o preço final, mas o valor pago nas distribuidoras é um componente nessa conta.