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Greve geral e protestos contra reformas têm baixa adesão na região

Fernanda Neme

| Edição de 29 de abril de 2017 | Atualizado em 28 de abril de 2017

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Foi baixa a adesão na região ao protesto nacional convocado por sindicatos e entidades ligadas aos trabalhadores contra as reformas trabalhista e da Previdência. Atos públicos reuniram poucas categorias ontem em Apucarana, Arapongas e Ivaiporã. O chamado de greve geral não foi atendido e a maioria dos serviços funcionou normalmente. Apenas os bancários cruzaram os braços parcialmente, abrindo as agências somente após o meio-dia. 

Em Apucarana, representantes de sindicatos e movimentos sociais realizaram o protesto na Praça Rui Barbosa. Cerca de 300 pessoas participaram do ato. O protesto não conseguiu fechar as lojas do comércio, como queriam os organizadores. Os bancos só fecharam pela manhã e não durante todo o expediente, como também era esperado. 

Imagem ilustrativa da imagem Greve geral e protestos contra reformas têm baixa adesão na região
Manifestantes saíram em passeata no centro de Apucarana (Sérgio Rodrigo)

Para Hermes Gonçalves, representante do Sindicato dos Bancários de Apucarana e Região, a baixa adesão à greve se deve ao preconceito contra os movimentos sociais. “Não vamos considerar que fracassou ou que tinha poucas pessoas. O problema é que na cidade ainda existe um certo preconceito em relação a paralisações e manifestações”, disse.
André Joaquina, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Apucarana e Região (Sindspa), reforçou o argumento. “Hoje era para estar tudo fechado, mas a população da cidade ainda não tem essa cultura de luta, de correr atrás daquilo que é direito nosso”. 

Entre os manifestantes estava Poliana Nadin, presidente da União dos Estudantes de Apucarana (UEA), acompanhada de mais 20 estudantes de instituições, como UTFPR, Unespar e escolas municipais. “Não acho que o público é pequeno. Quem está aqui é para lutar”. 

Para Poliana, a greve é para reivindicar os direitos do povo trabalhador, defender a aposentadoria e ir contra o fim de programas, como Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), Ciências sem Fronteiras e Programa Universidade para Todos (Prouni). “O (presidente) Temer quer acabar com tudo e já anunciou os cortes nos gastos na educação”. 

Maria Leonora Batista, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Apucarana (Stivar), participou das manifestações. “Acredito que muita gente não veio porque os patrões não liberaram e iam descontar no salário a falta. O (presidente) Temer vai fazer com que os trabalhadores não se aposentem mais e que percam os seus direitos. Temos que ir à luta”.

REGIÃO
Em Ivaiporã, cerca de 150 pessoas se reuniram em ato na praça Manoel Teodoro da Rocha. Sindicatos e entidades participaram do movimento. O padre Jeferson Nogueira da Mata destacou que as reformas propostas pelo governo derrubam décadas de conquistas democráticas. “Não queremos ver o Brasil voltar 70 anos atrás, esta reforma destrói a Justiça do Trabalho e o equilíbrio na relação entre trabalhadores e patrões”, comentou.
Em Arapongas, o protesto reuniu dezenas de pessoas na ára central da Cidade. Os manifestantes gritaram palavras de ordem contra as reformas anunciadas por Temer.
Em Mauá de Serra, manifestantes fecharam a BR-376 por algumas horas na manhã de ontem. A pista foi liberada, segundo a PRF, pouco depois do meio-dia.

Atos ocorrem em todo país
Protestos convocados por centrais sindicais foram registrados ontem em 241 cidades de todos os estados e o Distrito Federal. Ao contrário da região, onde a greve geral não paralisou serviços, nas principais capitais do Brasil o clima foi de feriado, com o transporte público parado, bancos fechados e ruas bloqueadas. 
A paralisação dos ônibus foi total em capitais como Curitiba, Salvador e Recife e parcial em São Paulo, no Rio e em Belo Horizonte. O metrô funcionou na maioria das cidades, mas só em alguns trechos. Lojas ficaram fechadas nas regiões centrais do Rio, Salvador e Fortaleza. 
Em algumas cidades, houve atos de violência. No Rio, pelo menos nove ônibus foram incendiados pelos manifestantes. 
Em nota oficial, o presidente Michel Temer (PMDB) afirmou que as manifestações ocorreram "livremente em todo o país", mas com "fatos isolados" de violência. Temer afirmou ainda que o debate sobre as reformas no seu governo continuará no Congresso.