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Impasse sobre feriados ‘trava’ convenção do setor supermercadista

Renan Vallim

| Edição de 24 de fevereiro de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O acordo coletivo entre sindicatos patronal e dos trabalhadores de supermercados da região ainda não foi fechado, mesmo após mais de sete meses de negociações. De acordo com as entidades que representam tanto funcionários quanto patrões, um decreto do Governo Federal que modificou o ‘status’ dos estabelecimentos é o que tem travado as negociações.

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A data-base da categoria é 1º de julho. Desde então, as duas partes buscam um entendimento. O reajuste salarial anual, que geralmente trava este tipo de negociação, já está praticamente acertado e deverá ficar em torno de 5%. O que tem dificultado o acordo é a definição dos dias em que os funcionários irão trabalhar, como explica o presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Apucarana (Siecap), Anivaldo Rodrigues da Silva.
“Um decreto assinado pelo presidente Michel Temer mudou completamente a atuação destes estabelecimentos. Com isto, estamos tendo dificuldades em chegar a um ajuste com relação à abertura dos mercados nos feriados”, afirma ele.
O decreto a que ele se refere entrou em vigor em agosto último e inclui os supermercados no rol de atividades tidas como economicamente essenciais, equiparando-os a instituições de saúde, por exemplo. Com isto, os estabelecimentos poderão abrir aos domingos, feriados civis e religiosos, sem necessidade de negociação coletiva prévia. O Siecap busca definir o fechamento dos estabelecimentos em alguns feriados.
Apesar do impasse, Anivaldo se mostra confiante. “Tem sido uma discussão longa e exaustiva. Mas acreditamos que, em breve, chegaremos a um acordo. Creio que iremos ‘bater o martelo’ em relação a isto no início do próximo mês”, diz. O sindicato representa cerca de 2 mil trabalhadores na região, só em Apucarana são 1,2 mil.
Representando os interesses dos patrões, o Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios e Supermercados (Sindimercados) explica que várias são as causas para a demora na negociação coletiva. “Um dos motivos foi a Reforma Trabalhista. Não sabíamos se ela entraria realmente em vigor, o que atrasou o início das negociações. Outra questão foi este decreto presidencial, que coloca os mercados como atividade essencial. Estamos buscando um meio-termo que agrade os dois lados”, diz Antônio Marcos Correa, superintendente do sindicato patronal, com sede em Londrina.
Também pesa na negociação o fato do Sindimercados estar, pela primeira vez, negociando com o Siecap. Até o ano passado, os mercados eram representados pelo Sindicato do Comércio Varejista de Apucarana (Sivana). “É uma região nova, tudo novo para nós, então temos que começar do zero. Isto tem contribuído para a demora também. Tanto é que estamos sugerindo aos estabelecimentos que antecipem ao menos a inflação do período, de 2,55%, para que o reajuste total não impacte tanto na folha salarial”, diz Correa.