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MP investiga suposta organização criminosa que atuava no judiciário de Arapongas

DA REDAÇÃO

| Edição de 23 de outubro de 2020 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Onze mandados de busca e apreensão foram cumpridos na manhã de ontem em Arapongas durante operação do Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa (Gepatria) que investiga uma suposta organização criminosa com atuação no poder judiciário local.

De acordo com nota divulgada ontem pelo Ministério Público, as investigações foram iniciadas em 2017, em conjunto com a 1ª Promotoria de Justiça de Arapongas, e identificaram a ocorrência de diversas práticas ilícitas que teriam sido cometidas por um magistrado, em benefício de pessoas físicas e jurídicas com as quais mantinha relação pessoal, bem como de agentes públicos a ele subordinados que também participariam do esquema. Denominada Thêmis, deusa grega da Justiça, a operação cumpriu mandados em endereços residenciais e profissionais dos investigados em Arapongas e Rolândia. Foram apreendidos documentos impressos e eletrônicos, celulares, computadores e notebooks relacionados aos fatos investigados.
De acordo com as apurações, caberia ao juiz alvo da operação, que na época dos fatos era titular da 2ª Vara Cível e da Fazenda Pública de Arapongas, o controle e a organização das práticas ilegais. Um assessor do magistrado atuaria como operador jurídico do esquema, elaborando e corrigindo manifestações e laudos, bem como orientando os demais integrantes do grupo nos trabalhos ilícitos de assessoria jurídica, sempre no interesse das pessoas que se beneficiavam dos crimes cometidos. 
Também era de sua responsabilidade formular as minutas de sentenças favoráveis aos interessados, com aval e ciência do magistrado (seu chefe). Outro integrante do grupo seria um avaliador judicial ad hoc, com o papel de “operador comercial” no esquema, responsável pela articulação do grupo criminoso com eventuais interessados em aderir aos acordos de corrupção (partes em processos que tramitavam na 2ª Vara Cível de Arapongas ou pessoas do círculo de relacionamento pessoal do juiz).
O esquema seria integrado ainda por um empresário, intermediador das negociações do grupo, com a função de disfarçar as ilicitudes dos fatos e seus autores. Por último, haveria a participação de um depositário judicial ad hoc, angariando recursos ilícitos por meio do depósito judicial de veículos apreendidos em processos de alienação fiduciária em garantia.