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‘Palácio do Comércio’ passa por modernização

Renan Vallim

| Edição de 28 de maio de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Um dos principais ícones da arquitetura apucaranense, o Edifício Palácio do Comércio passará por uma modernização estrutural. As melhorias devem garantir, por exemplo, a regularização do prédio junto ao Corpo de Bombeiros, que até hoje não foi providenciada. É a maior reforma estrutural da história do prédio, que tem quase 40 anos.

Imagem ilustrativa da imagem ‘Palácio do Comércio’ passa por modernização

A construção do Palácio do Comércio foi realizada através de esforços do empresariado local, capitaneados pela Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Apucarana (Acia). Para a associação, presidida na época pelo industrial do ramo têxtil Felipe Alexandre Felipe, a ausência de uma sede própria prejudicava o desempenho da entidade. Já os empresários sentiam falta de um centro comercial e de serviços, onde poderiam concentrar os escritórios das empresas, além de cartórios e outros ofícios.
Após um movimento de união entre os empresários, a construção do prédio de 15 andares foi realizada, destinando o último andar para a sede da Acia. O Palácio do Comércio foi inaugurado no dia 27 de julho de 1978 e foi, durante muitos anos, a mais alta construção da cidade. Com 6 mil m², o local possui ao todo 58 salas comerciais e um fluxo aproximado de 1,6 mil pessoas por dia. No entanto, o tempo cobra o seu preço.
“A nossa ideia é fazer com que o Palácio do Comércio caminhe em direção à modernidade”, explica o síndico do prédio, Érik Manosso. Ele representa um conselho que administra o edifício e decide todas as medidas a serem tomadas. “A nossa prioridade atual é a modernização do sistema de combate a incêndios. Principalmente depois daquela tragédia na Boate Kiss, no Rio Grande do Sul, as exigências do Corpo de Bombeiros aumentaram bastante. Por isso, precisamos nos adequar com ainda mais urgência”, diz.
Dois engenheiros foram contratados para regularizar a situação em junho do ano passado. Em fevereiro deste ano, os bombeiros aprovaram o projeto, que agora está sendo executado. A sinalização nos andares já foi readequada. Novos corrimãos e guarda-corpos estão sendo instalados. Também haverá iluminação de emergência, portas corta-fogo e alarmes de incêndio em todas as salas e corredores. Os hidrantes serão trocados e vigas de contenção de fumaça também serão colocadas. O custo total pode chegar a R$ 200 mil.

JANELAS
O próximo passo será trocar as esquadrias de metal e também os vidros das janelas. O Palácio do Comércio tem duas faces (a norte e a sul) praticamente formadas apenas por janelas. “É um trabalho delicado e complexo. Todas as janelas ainda são originais do prédio. Assim como todo o restante do prédio, as janelas foram feitas com o que havia de melhor na época. No entanto, com a tecnologia de hoje, elas ficaram defasadas. As esquadrias, hoje de ferro, serão substituídas por alumínio. E os vidros comuns serão trocados por vidros de segurança”, ressalta Manosso.
O conselho ainda está avaliando a situação, mas estudos iniciais apontam para um investimento na ordem de até R$ 2 milhões, devido ao grande número de janelas. “O prédio é belíssimo, de uma arquitetura avançada para a época, mas ainda atual. O que queremos é modernizar o prédio, mas sem alterar a identidade original dele”, explica o síndico.
A última grande obra do prédio foi a instalação dos dois novos elevadores, em 2013. A substituição dos antigos aparelhos custou cerca de R$ 465 mil na época.

Prédio têm importância histórica para Apucarana
Situado na Rua Oswaldo Cruz, o Edifício Palácio do Comércio é capaz de gerar status entre os que possuem uma sala no local, sendo até mesmo alvo de uma relação sentimental entre os que estão lá há mais tempo.
“O Palácio do Comércio é um verdadeiro ícone da cidade. É uma referência. Quem não conhece? Ele sempre teve e ainda tem uma identidade muito forte. Além de ser um prédio muito bonito, tem a importância que merece”, afirma o advogado Wladimir Ortigoza, que está há 31 anos no sétimo andar do prédio.
“Acredito que o Palácio do Comércio conferia e ainda confere status. Ele foi construído pela nata dos empresários, é símbolo de um esforço conjunto. Na época, um prédio desse gabarito foi um verdadeiro choque para a cidade e para a região. A importância dele, até hoje, é enorme porque concentra todo o movimento econômico da cidade, através dos cartórios, da Acia e de tantas empresas que aqui estão”, diz Ortigoza.
Presidente da Acia, Jayme Leonel também destaca a importância do Palácio do Comércio. “A história da Acia e do Palácio do Comércio está entrelaçada. Muita coisa já foi decidida lá dentro. Mesmo precisando de uma atualização, que está acontecendo, o prédio continua esteticamente moderno, fora a importância econômica que ele possui”.

Uma família a serviço do prédio
Durante 26 anos, Antônio Alves Coutinho se dedicou ao Edifício Palácio do Comércio. O porteiro, que hoje possui 66 anos, começou a trabalhar em 1986 no local. “Em minha primeira passagem, fiquei 23 anos trabalhando no Palácio do Comércio. Aqui conheci muita gente, fiz amigos. É parte muito importante da minha vida”, afirma.
Antônio ficou longe do prédio durante cinco anos, por conta de uma nova oportunidade de trabalho. Mas, há três anos, retornou ao antigo posto. “Quando surgiu a oportunidade de voltar, tive que aceitar. Criei meus filhos aqui dentro desse prédio. Tenho muito a agradecer”, diz.
Dois filhos de Antônio trabalharam como ascensorista no prédio. Um deles não ficou muito tempo. O outro é Anderson, que continua lá até hoje, também como porteiro. “Me lembro que, quando era criança, brincava nas escadarias do prédio. Depois, surgiu a chance de ser ascensorista, quando eu tinha 14 anos. Já são 22 anos desde então. Passei praticamente minha vida toda aqui dentro. É uma segunda casa, sem dúvida. Tem dias que não tenho nem vontade de ir embora”, afirma ele, hoje com 36 anos.