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Pandemia valoriza turismo regional

Da Redação

| Edição de 05 de setembro de 2020 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O isolamento social tem incentivado a busca por atividades que permitem o contato com áreas verdes, longe da cidade. É o que procura, por exemplo, a videomaker apucaranense Ketlen do Vale, de 23 anos. Ela conta que sempre foi adepta ao turismo rural, e agora com as medidas restritivas, aposta ainda mais neste tipo de atividade como alternativa segura para sair um pouco de casa. 
“Amo passeios na natureza. Saio para fotografar, relaxar e esquecer um pouco todas essas tensões que estão ocorrendo no mundo por causa da pandemia. Também porque sei que não estarei em aglomeração de pessoas e que não correrei risco de pegar Covid-19”, afirma. 
Essa nova tendência de turismo mais próximo de casa e voltado à natureza gerada pela pandemia pode ajudar a alavancar o turismo na região. A afirmação é da professora Fabiane de Oliveira Domingos, coordenadora do curso de Turismo e Negócios da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), campus Apucarana, que é responsável por uma pesquisa detalhada sobre a importância do turismo no Vale do Ivaí para o desenvolvimento regional e enxerga uma disposição a valorização de empreendimentos locais e regionais durante a pandemia. 
“Cada vez mais os consumidores se preocupam com a importância de movimentar a economia local, pela geração de emprego e renda. Entendo que é possível que esse tipo de turismo tenha maior visibilidade a partir da pandemia”, acredita. 
Fabiane diz, entretanto, que é difícil prever o que acontecerá com o turismo rural em suas diferentes escalas e nos diversos setores que compõem a atividade na pós-pandemia. Diante das incertezas, ela acredita que no primeiro semestre de 2021 haverá uma retomada das viagens por conta da demanda reprimida este ano. “É preciso ainda, considerar o fato de que uma grande parcela da população sofrerá com os impactos econômicos como a perda de emprego e renda. Já as classes com poder aquisitivo maior não serão tão afetadas e os empreendimentos que considerarem esse público, terão mais chance de se manter”, analisa. 

SETOR COMEÇA A  SENTIR REAÇÃO

Segundo o empresário e guia turístico Carlos Henrique Menck, de Arapongas, a pandemia atrapalhou bastante o setor sobretudo no início. “Há cerca de 1 mês alguns atrativos começaram a voltar e algumas atividades na área do ecoturismo e turismo de aventura também voltaram”, comenta.
Com o retorno das atividades, Menck afirma que a procura começou a aumentar aos poucos e está maior que antes. “Creio que devido ao tempo que passamos confinados e restritos em casa e também como uma fuga dos ambientes urbanos”, opina. 
Gerente de um pesqueiro em Apucarana, Maicon Souza está inovando para reverter a redução de clientes por causa do novo coronavírus. “Nossa clientela sempre foi bem frequente, principalmente durante a semana. Agora estamos enfrentando dias semanais sem nenhuma visita. Já nos finais de semana a procura aumenta, mas ainda assim, está bem fraca se comparada com os resultados que alcançávamos antes”, comenta. 
Diante da crise, a gerência trabalha para atrair clientes usando o diferencial da empresa como atrativo que é espaço aberto, paisagem natural e o restaurante rural, sem deixar de atender as exigências com o uso de máscaras, álcool gel e manutenção do distanciamento. “Torço para que tudo se resolva logo para continuar proporcionando a todos clientes e amigos a alegria de se sentir livre da cidade”, deseja. 

Potencial de crescimento em vários setores

Na pesquisa, realizada em 2018, a professora Fabiane de Oliveira Domingos enxergou um grande potencial na região, com possibilidade de gerar várias oportunidades de novos negócios nos segmentos religioso, rural e de aventura, que são os que mais se destacam. 
“Em minha pesquisa identifiquei ainda potencial para o geoturismo para a prática do turismo pedagógico. O importante é que esses novos empreendimentos tenham identidade local e valorizem os aspectos culturais existentes, ofertando serviço de qualidade, como bons profissionais. Isso, por meio da economia criativa, associando a produção local ao turismo”, diz. De acordo com ela, alguns municípios há anos tentam desenvolver o turismo. Existem empreendedores antigos e novos investindo na região nas áreas de hospedagem, empresas de turismo de aventura. 
“Alguns projetos foram implementados e estão começando a se estruturar como o Vale da Aventura com a rota de Cicloturismo entre Borrazópolis e Mauá da Serra e a rota das capelas em Lunardelli”, destaca. 
Esse filão, inclusive, mantém investimentos. Em Faxinal, município famoso pelas cachoeiras e prática de rapel, apesar da pandemia, seis empreendimentos turísticos estão em fase de implantação, incluindo um resort com investimento de R$ 15 milhões.