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Parque moveleiro pode paralisar atividades na semana que vem

ALINE ANDRADE ARAPONGAS

| Edição de 27 de março de 2020 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A pandemia de coronavírus já atingiu um dos maiores parques moveleiros do Brasil. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria Moveleira de Arapongas (Sima) Irineu Munhoz, 50% das empresas do setor já estão paradas na cidade e a previsão é que até a próxima terça-feira (31), as outras 50% também parem a produção, caso o comércio continue fechado. 

Munhoz explica que, com as lojas de varejo fechadas, muitos pedidos foram cancelados, paralisando a produção em grande parte das indústrias. De acordo com ele, parte das empresas que já fecharam as portas, estão antecipando férias aos funcionários e flexibilizando o banco de horas. Porém, se o comércio continuar fechado, serão necessárias demissões. “Sem receita, os empresários não podem manter os funcionários e infelizmente, haverá demissões”, avaliou. 
De acordo com o presidente do Sima, a economia vive uma difícil situação e é necessário tomar medidas urgentes para que o quadro não piore ainda mais. “O combate ao coronavírus é sério, porém precisa ser feito de uma forma racional. O que estamos vendo até o momento são medidas populistas, com cunho eleitoreiro por parte de alguns governantes. Está errado fechar tudo. Precisamos fazer o que o presidente (Jair Bolsonaro) falou, tomar os cuidados, mas voltar ao trabalho”, defendeu. 
Munhoz acredita que medidas de segurança devem ser tomadas, e pessoas do grupo de risco para o coronavírus devem ser poupadas, porém, a parte da população saudável deve voltar ao trabalho e fazer a economia girar. “Eu por exemplo faço parte do grupo de risco, mas não estou deixando de cumprir meus compromissos, tomando todos os cuidados necessários. Estamos completando um mês do primeiro caso registrado no Brasil e percebemos que a evolução da doença aqui é diferente da Europa. Precisamos combater esse vírus de forma racional”, finalizou. 

Sticma destaca que momento é de cautela
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Arapongas (Sticma), Carlos Roberto da Cunha, disse que o parque moveleiro de Arapongas já vem atravessando dificuldades nos últimos três anos e agora com a pandemia, a questão econômica fica ainda mais agravada. 
“Muitas empresas já estavam com pedidos de recuperação judicial, demitindo trabalhadores e sem pagar direitos trabalhistas. Somente aqui em nosso sindicato, temos em torno de 1,2 mil processos trabalhistas por falta de pagamento. Eu penso que logo essa questão da pandemia vai passar e voltaremos a normalidade de produção, mas economicamente ainda não sabemos como vai ser”, avaliou.
Ainda segundo o presidente do Sticma, o momento é de cautela e de buscar alternativas para conservar os postos de trabalho. “Sabemos da necessidade da normalização das coisas. Ninguém acha gostoso ficar em casa de quarentena, porém as coisas só não estão piores porque governadores e prefeitos agiram rápido, ao contrário do presidente (Jair Bolsonaro), que minimiza o problema da pandemia. O que é necessário neste momento é que cuidemos da saúde, tomando todas as precauções indicadas e o governo faça a parte dele socorrendo os empresários e a classe trabalhadora, como o presidente Trump está fazendo nos EUA, para evitar o desemprego”, ponderou Cunha.