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Polo moveleiro se ‘reinventa’ e aumenta rentabilidade em 15%

Renan Vallim

| Edição de 25 de setembro de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Uma das apostas do polo moveleiro de Arapongas para se reinventar após a crise econômica dos últimos anos foi a redução dos custos de produção. Esta alternativa tem dado resultado: segundo um dos diretores do sindicato da categoria, a medida fez com que a rentabilidade do setor aumentasse 15% neste ano. Esta ação tem levado empresas a buscarem segmentos mais populares, se readequando a novas exigências do mercado.

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A crise econômica brasileira, que ganhou força em meados de 2014, atingiu em cheio a indústria moveleira. Até 2016, o faturamento do polo de Arapongas havia caído 15%, de quase R$ 1,8 bilhão para R$ 1,5 bilhão. Os empregos na cidade gerados pelas fábricas caíram 23%, de mais de 12 mil para cerca de 9,9 mil.
“Ao longo dos últimos anos, as pessoas perderam capacidade de compra, muito em razão do desemprego e do aumento no custo de vida, gerado pela inflação e alta de impostos. Com isso, a maioria das pessoas priorizou as necessidades mais básicas e os setores de bens duráveis e semi-duráveis, como é o caso dos móveis, acabaram sendo deixados de lado momentaneamente. Isso tudo levou o setor a registrar estas quedas nos números”, afirma José Lopes Aquino, tesoureiro do Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (Sima).
Com isso, as indústrias precisaram se reinventar. “Foi um desafio. Tivemos que manter a qualidade dos móveis, com boa durabilidade, design e inovação, mas ao mesmo tempo, buscar uma redução nos custos. Com isso, as empresas de modo geral começaram a utilizar novos materiais, estruturar os móveis de maneira mais inteligente e reorganizar as linhas de produção”, afirma.
Segundo ele, o ‘ponto de virada’ aconteceu em meados do ano passado. “Mesmo depois de adotar estas alternativas, o setor começou a observar melhoras só a partir de julho ou agosto do ano passado. Desde então, o faturamento médio tem crescido em média 15%. Agora, o que observamos é que aquelas medidas alternativas, que foram adotadas em um momento difícil, vieram para ficar”, aponta.
Proprietário de uma indústria de móveis em Arapongas, Giancarlo Bega Pizza destaca que as adaptações foram fundamentais para manter o equilíbrio da empresa. “Com as readequações implementadas, aumentamos a produtividade em até 20% e mantivemos os preços dos móveis, reduzindo o custo de produção”, destaca.
Segundo ele, várias outras empresas tiveram que fazer o mesmo. “Foi um começo difícil, inclusive com algumas demissões. Mas hoje, estamos vendo resultados bastante satisfatórios”, diz.

Mudança de segmento aumenta faturamento em 60%
Algumas empresas fizeram mudanças ainda mais radicais. É o caso da fábrica de móveis do próprio José Lopes Aquino, tesoureiro do Sima. “Além de mudarmos a fábrica internamente, mudamos também o público-alvo. Realizamos um reposicionamento de mercado, passando a vender com foco nas classes C e D, o que elevou nosso faturamento em 60% na comparação do segundo semestre de 2017 com o momento atual”, destaca.
Segundo ele, as medidas adotadas pela empresa fizeram com que os custos de produção caíssem a ponto de levar a uma queda no preço final dos produtos. “Conseguimos manter a qualidade dos móveis através da utilização de materiais alternativos mais baratos, mas também duráveis. O consumidor continua exigente e, por isso, mantivemos o investimento em design. Este foi um dos nossos diferenciais, aliado à peças mais ‘inteligentes’, com novas funcionalidades. Isso tudo elevou nossas vendas: com móveis ‘cabendo no bolso’ dos consumidores, revertemos a tendência de queda nas vendas”, destacou.