Em nota divulgada ontem, os ministérios da Fazenda e do Planejamento confirmaram o aumento do PIS/Cofins, tributo que incide sobre os combustíveis. Com as novas alíquotas, que devem entrar hoje em vigor com publicação no Diário do Oficial da União, o preço da gasolina deve disparar até R$ 0,41. Com o repasse, os preços praticados em Apucarana devem ultrapassar a casa dos R$ 4 por litro.
A gasolina é o combustível com maior impacto na nova alíquota, que vai dobrar, de R$ 0,38 por litro para R$ 0,79 por litro, o que implica na alta de até R$ 0,41.
A medida, entretanto, também incide em outros combustíveis. O PIS/Cofins pago pelo distribuidor de etanol, hoje zerado, vai a R$ 0,19.
O litro do diesel poderá ficar R$ 0,21 mais caro, já que alíquota subirá de R$ 0,24 para R$ 0,46.
Gerente de um posto de combustíveis de Apucarana, Orestes Bobeki afirma que as distribuidoras ainda não repassaram nada aos postos.
“O reajuste ainda não foi repassado para nós. O que soubemos é o que está sendo noticiado pelos meios de comunicação. Por enquanto, estamos mantendo os preços. Enquanto tivermos combustíveis em estoque, não mexeremos nos preços”, comenta.
De acordo com ele, o impacto será muito grande no mercado consumidor. “Esse anúncio já está causando uma movimentação nos postos de gasolina. Vários clientes vieram para o posto para encher o tanque e fugir do reajuste”, comentou.
Com os reajustes anunciados pelo governo, o preço médio do litro da gasolina em Apucarana passará de R$ 3,64 segundo para R$ 4,05.
Já o diesel deve passar dos atuais R$ 2,83 para R$ 3,04. Menor, o reajuste do etanol deve elevar o preço do combustível dos atuais R$ 2,63 para R$ 2,83. Os valores médios dos combustíveis foram calculados de acordo com a última pesquisa de preços da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
ARRECADAÇÃO
O governo informou que espera arrecadar R$ 10,4 bilhões neste ano com o aumento de imposto.
Além disso, o Ministério da Fazenda informou que vai bloquear mais R$ 5,9 bilhões em despesas do Orçamento.
O aumento de impostos e o bloqueio extra ocorrem em um momento em que o governo enfrenta dificuldades em obter receitas.
A recuperação da economia é lenta, o que afeta a arrecadação de impostos, e projetos importantes no Congresso, como o Refis e a reoneração da folha de pagamentos, estão emperrados no Congresso Nacional.
Meirelles afirma que reajuste vai elevar receitas
A previsão inicial era que o governo anunciasse a elevação do PIS/Cofins ontem, antes da viagem do presidente Michel Temer e do ministro Henrique Meirelles (Fazenda) à Argentina.
Mas o cronograma acabou sendo atrasado porque a equipe técnica teve que refazer cálculos, para incorporar alíquota superior ao que previam inicialmente.
Os ministros Fernando Meirelles e Dyogo Oliveira (Planejamento) selaram o aumento em almoço com Temer nesta quinta no Palácio do Planalto.
Meirelles afirmou que o aumento do tributo é necessário para elevar as receitas do governo, que vêm diminuindo em razão da recessão.
"Houve queda da arrecadação, pelo resultado das empresas e também do setor financeiro, que refletiram os prejuízos acumulados nos últimos dois anos que estão sendo amortizados neste ano", disse. "Existem medidas de ajuste, fazendo com que o mais importante seja preservado".
A meta oficial é chegar ao fim do ano com deficit de R$ 139 bilhões.