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Quebra de até 50% na safra de milho deve elevar preço da carne

Renan Vallim

| Edição de 30 de junho de 2016 | Atualizado em 02 de dezembro de 2016

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O início da colheita de milho tem sido ruim para os produtores na região. A lavoura sofreu com estiagem em abril e maio, especialmente na região Norte do Estado, e em junho foi atingida por geadas severas. Com isso, a estimativa de perdas chega a até 50%, sem contar a baixa qualidade do produto. O milho é uma cultura-chave para o campo, já que é matéria-prima das rações utilizadas na pecuária e na avicultura. Por conta da situação atual, o preço do milho deverá subir bastante na região, provocando um ‘efeito-cascata’ que deve também elevar os preços das carnes.

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Na área do Núcleo Regional da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) de Apucarana, foram plantados 38 mil hectares de milho, sendo que apenas 2% foi colhido. No núcleo de Ivaiporã, a área plantada ficou em 43 mil hectares, com 36% já colhido.

Até agora, o milho colhido não foi o que estava em área afetada pela geada, mas sim um milho que já estava em uma fase de desenvolvimento menos sensível ao fenômeno climático. Em julho, quando a colheita se intensifica, serão colhidos os grãos que foram mais afetados e só então será possível dimensionar os impactos. No entanto, empresas de agronegócio e cooperativas já traçam expectativas, que não são animadoras.

Gerente de produção de uma cooperativa de Apucarana, Eleotério Roncato Neto afirma que a expectativa de perdas deverá ser de até 25%. “Muito provavelmente, haverá escassez do produto no mercado. Com isso, os preços devem disparar”, comenta.

O gerente de uma empresa de agronegócio de Apucarana, Moysés Chahade Neto, aponta um panorama ainda pior. “Estamos em vias de confirmar uma verdadeira quebra na safra de milho, não só pelo volume colhido menor, mas pela qualidade do grão, que deverá ser baixa. A expectativa é que as perdas fiquem em torno de 50%”.

‘EFEITO-CASCATA’

Segundo Chahade Neto, os impactos no mercado de commodities devem ser extensos. “Essa situação deverá gerar um verdadeiro caos, principalmente no setor de avicultura, extremamente dependente do milho para a alimentação das aves. Substituir por sorgo ou trigo não resolve, porque o volume existente dessas culturas não supre a necessidade. As empresas precisarão importar”, diz.

Segundo ele, esse panorama deve se estender por pelo menos um ano. “O plantio de milho no verão é pequeno, porque a soja toma conta da lavoura. Além do mais, a indústria de sementes não estaria preparada para um crescimento na procura pelo plantio de milho grande o bastante para reverter a situação. Ou seja, deverá ser uma crise duradoura, só podendo ser revertida daqui a um ano”, diz.