OPINIÃO

min de leitura - #

​ Interdependência

Por Rogério Ribeiro, economista, professor universitário e vice-presidente para assuntos de controle social do Observatório Social de Apucarana

| Edição de 20 de janeiro de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

Fique por dentro do que acontece em Apucarana, Arapongas e região, assine a Tribuna do Norte.

A economia depende da política e o contrário também deveria ser verdadeiro. Isto pode ser facilmente verificado com os índices de confiança que são apurados e divulgados periodicamente na imprensa. Esses índices tem o objetivo de medir a credibilidade que os agentes políticos possuem junto a um determinado segmento em relação ao comportamento dos indicadores setoriais e conjunturais à partir da ação dos agentes políticos na condução da coisa pública. 

Os resultados destas sondagens são abordados como tendo relação com a popularidade que o agente político ou um determinado governo possui junto ao segmento e também são utilizadas para traçar expectativas quanto ao futuro da economia e da própria carreira do político.
Sem dúvidas é facilmente perceptível identificar o apoio (ou não) de determinados segmentos a determinados governos e políticos através de sua atuação na condução da coisa pública. É justamente em cima destes dados que os grupos políticos decidem se uma determinada pessoa deve ou não ser candidata. Via de regra este procedimento é utilizado para o cargo de presidente da República, mas deveria ser utilizado para todos os cargos.
Mas a preocupação com o desempenho de suas funções por parte dos agentes políticos não é utilizada amplamente, ou seja, nem todos os detentores de cargos eletivos precisam se preocupar com as aferições técnicas de bem-estar por parte de seus eleitores, mesmo que esta aferição seja feita de forma intuitiva, com o objetivo de avaliar se este ou aquele político “merece” ser apoiado para a continuidade de sua carreira em determinado cargo.
É comum ouvirmos notícias informais de que algumas pessoas costumam “trocar” seus votos ou apoio político para candidatos que fizeram ou se comprometeram a tomar medidas ou ações, se eleitos, para beneficiar uma pessoa ou a pequenos grupos de pessoas. Este é um comportamento lamentável, pois o individualismo não ajuda ao coletivo, pois nem todos possuem os mesmos interesses e necessidades. Os economistas clássicos do século XVIII entendiam e defendiam que se cada pessoa fizer o que é melhor para si o coletivo seria beneficiado. Esta prática não passa de uma tentativa de justificar as barganhas eleitorais e não ajudam em nada os grupos sociais. Pelo contrário, ajudam a aumentar as diferenças entre as pessoas e criam pequenos “currais” eleitorais onde políticos sem a devida capacidade para estar em determinadas funções acabam se perpetuando no poder.
Só que se for feita uma avaliação séria e técnica da maior parte de nossos vereadores, deputados estaduais e federais e senadores veremos que muitos deles não desempenham de forma satisfatória suas funções típicas e se limitam a praticar ações que possam lhe dar visibilidade junto a esses grupos de indivíduos que costumam se “encantar” com as bravatas e práticas populistas e assistenciais desses políticos que deveriam ser extirpados da vida pública.
Na verdade, como afirmou o detentor do Prêmio Nobel de economia, John Nash, o melhor para um grupo social é quando todos no grupo fazem o que é melhor para o grupo e não o que é melhor para si. 
Há uma interdependência entre a prática dos nossos representantes políticos e a condição da economia, ou seja, da condição de bem-estar de um município, de um estado e de uma nação. Por conta disto os eleitores não podem se deixar “encantar” por promessas políticas que beneficiem somente a si, mas com as que venham melhorar a estrutura social para todos. Agir de forma diferente nada mais é do que uma forma de venda de voto