OPINIÃO

min de leitura - #

Tragédia e solidariedade no futebol brasileiro

Da Redação

| Edição de 01 de dezembro de 2016 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

Fique por dentro do que acontece em Apucarana, Arapongas e região, assine a Tribuna do Norte.

A tragédia envolvendo a Chapecoense comoveu o Brasil e também o mundo. O avião que levava a delegação para a final da Copa Sul-Americana caiu na madrugada de terça-feira nas proximidades do aeroporto de Medellín, na Colômbia, matando 71 pessoas. Além de jogadores da equipe catarinense, o acidente tirou a vida de dirigentes, jornalistas e tripulação. Apenas seis pessoas sobreviveram e estão hospitalizadas em Medellín.

Esta é a maior tragédia já registrada no esporte. Outros acidentes desse tipo ocorreram no passado, envolvendo o italiano Torino (1958), o inglês Manchester United (1958) e o peruano Alianza Lima (1987), mas com número menor de vítimas.

A terça-feira foi um dia longo e triste. O sentimento de impotência diante da fragilidade da vida tomou conta de todos os brasileiros, mas também de moradores de outros países. As manifestações de solidariedade vieram de vários cantos do planeta. Quem é apaixonado por futebol sentiu uma angústia apertando a garganta.

Para nós, da imprensa, também foi um dia de muito sofrimento. Entre as 71 vítimas da queda do avião estão 21 jornalistas, uma mescla de novatos na carreira e profissionais com grande experiência. São pessoas que também estavam a trabalho e que, assim como os atletas, eram apaixonados pelo futebol e pela profissão.

A trajetória da Chapecoense aumentou esse sentimento de tristeza. O clube catarinense foi adotado pela maioria dos torcedores brasileiros. A sua trajetória era marcada pela superação. Da série D, o time foi lutando até chegar à primeira divisão e estava realizando o sonho de disputar pela primeira vez uma decisão de um título internacional, no caso, a Copa Sul-Americana. É um clube que sintetiza o espírito da maioria dos brasileiros, de luta, esforço e determinação em busca dos sonhos.

Resta agora exigir das autoridades uma explicação sobre as causas da tragédia. Isso não trará as vidas perdidas de volta, mas ajudará a evitar novas mortes. Caso se confirme que houve pane seca (falta de combustível), devido à irresponsabilidade da empresa contratada, é obrigação das autoridades buscar mecanismos para exigir mais segurança no transporte de jogadores e também de outros passageiros que usam voos fretados e de carreira. Afinal, é inaceitável que um piloto faça um plano de voo com um margem tão pequena de erro, sem respeitar a autonomia do avião.

Enquanto as investigações são feitas, é preciso destacar, por outro lado, a solidariedade que tomou conta de todos, incluindo os clubes de futebol, tão desorganizados e egoístas no Brasil. Todos anunciaram que pretendem ajudar a Chapecoense para que o clube mantenha viva a chama acesa em 1973, data de sua fundação, emprestando jogadores e propondo que a equipe não seja rebaixada pelos próximos três anos do Campeonato Brasileiro. Essa tragédia ficará marcada como um dos tristes capítulos da história do futebol nacional e mundial, mas também pelos inesquecíveis gestos de solidariedade.