O Rio Ivaí pode ganhar sua primeira usina hidrelétrica entre os municípios de Grandes Rios e Jardim Alegre. O estudo está sendo realizado pela Rafitec S/A, de Xaxim (SC), que protocolou o pedido na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Nesta semana, os dois municípios realizaram audiências públicas para debater o projeto. Jardim Alegre deu sinal verde para o empreendimento; Grandes Rios, no entanto, pediu mais 15 dias para analisar melhor a proposta.
O projeto é polêmico. Ao mesmo tempo em que promete aquecer a economia local, a construção de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) também trará inegáveis impactos ambientais. O poder público é a favor, enquanto ambientalistas estão revoltados com a possibilidade do Rio Ivaí ganhar sua primeira barragem.
A Rafitec S/A tem prazo de 14 meses para elaborar o projeto básico para a PCH Coqueiro, como está sendo chamado o empreendimento. Após a sua conclusão, o projeto será aprovado ou não pela Aneel e, daí, novas audiências públicas serão convocadas para autorizar ou não a construção da usina. Há, portanto, ainda um longo caminho antes da central hidrelétrica tornar-se realidade.
A PCH Coqueiro prevê potência instalada de 28,1 Mw e área de reservatório de 259 hectares, sendo 180 hectares do próprio leito do rio e 79 hectares fora do leito. A barragem será construída a seis quilômetros abaixo da balsa do Marolo, que fica entre Jardim Alegre e Grandes Rios, e o reservatório terá extensão de aproximadamente oito quilômetros.
A empresa assinala que a PCH terá “impacto ambiental mínimo”. Ambientalistas, no entanto, contestam, assinalando que a barragem irá prejudicar a piracema, afetando diretamente os pescadores da região que tiram seu sustento do Rio Ivaí.
Está nas mãos da população dos municípios a decisão sobre o assunto. É preciso, antes de tudo, avaliar os prós e os contras. Há fortalecimento econômico daquela região, sim, mas até que ponto o meio ambiente pode ser colocado em risco?
O debate sobre a instalação de usinas hidrelétricas ocorre há anos no Vale do Ivaí e agora chegou num momento decisivo. É necessário ouvir os dois lados e decidir sobre o assunto. Depois de aprovado, será tarde demais para qualquer mudança no curso da história do Rio Ivaí na região.