CIDADES

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Apucarana registra duas denúncias de abuso por dia

Vanuza Borges

| Edição de 23 de maio de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Todo dia, conselheiros tutelares de Apucarana atendem, no mínimo, duas suspeitas de violência sexual envolvendo crianças, o que corresponde a 6% dos atendimentos. Em um mês, considerando apenas os dias úteis, são 48 crianças ou adolescentes que sofreram algum tipo de violação sexual. De janeiro a abril, o Instituto Médico Legal (IML) de Apucarana, que atende cerca de 20 municípios, realizou 105 exames para ato libidinoso e conjunção, esse tipo de verificação só pedido em alguns casos pela delegacia de polícia. Os dados voltaram à tona na Semana Nacional de Combate à Exploração e Violência Sexual e mostram um cenário de vulnerabilidade.
A semana, que estende as atividades ao longo deste mês, volta a atenção aos profissionais da educação e, em especial, da saúde. Cerca de 60 agentes comunitários de saúde, psicólogos, fisioterapeutas e nutricionistas, que integram o Programa Estratégia Saúde da Família, da Autarquia Municipal de Saúde de Apucarana, passaram por capacitação específica.
Para a assistente social Bárbara Rodrigues, do Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS), o olhar atento do agente de saúde, que tem a oportunidade de visitar um enfermo em casa, faz toda diferença para identificar uma situação suspeita. “Além de identificar a situação de suposto abuso, também trabalhamos a importância da acolhida da criança ou adolescente dentro da Unidade Básica de Saúde (UBS), para que nenhuma pessoa envolvida se sinta constrangida”, diz.
Segundo Bárbara, os professores também são essenciais no processo de identificação das características de crianças e adolescentes, que passam por alguma situação de abuso sexual, uma vez que conhecem o comportamento dos alunos. “Os profissionais de saúde, assim como os professores, são ‘ferramentas’ de prevenção”, sublinha.
Na avaliação de Bárbara, a violência sexual, geralmente, não acontece de forma isolada. “Cerca de 70% das famílias acompanhadas pelo Creas registram algum tipo de violência sexual. A violência sexual não acontece de forma isolada, porque está, quase sempre, associada à violência física e psicológica”, pontua. Atualmente, o Creas atende cerca de 160 famílias.

CONSCIÊNCIA CORPORAL
Para a assistente social, o número é expressivo e o trabalho de conscientização e combate à violência sexual infantil é essencial. “Por isso, nas palestras, também abordamos com as crianças e adolescentes a consciência sobre seu próprio corpo. É importante que tenham a noção corpórea muito clara e de quem pode tocá-la para auxiliar nos afazeres de higiene”, frisa.
Bárbara comenta que, quando os casos são encaminhados ao Creas, a criança ou adolescente a família passa por um atendimento psicossocial. “Levamos em conta durante o atendimento o ambiente que a criança está inserida. Em alguns casos, para que saia desse ambiente de vulnerabilidade, é preciso encaminhar os responsáveis para programas de qualificação profissional”, diz.
Ainda, de acordo com Bárbara, 87% dos casos de abuso ocorre dentro do ambiente familiar e as maiores vítimas são crianças entre 5 a 12 anos. “Porém, o perfil do abusador nós não sabemos, pode ser qualquer um do convívio familiar, mas a vítima nós sabemos e, com isso, direcionamos as nossas ações de conscientização”, ressalta.


Mudança de comportamento
O conselheiro tutelar André dos Reis Avelar, de Apucarana, observa que a maior parte das denúncias chega por ligações anônimas, através do Disque 100. “Estudos apontam que de cada dez casos de violência sexual, pelo menos oito envolvem crianças de 2 a 9 anos de idade”, diz.
Ele explica que violência sexual não é só o ato sexual propriamente dito, mas qualquer gesto ou carícia de cunho sexual, até porque é possível violentar sexualmente uma criança sem tocar nela, pela internet, por exemplo, ou a expondo a conteúdos pornográficos, que geram uma erotização precoce. A violência sexual é um crime difícil de ser comprovado, porque vai além da conjunção carnal. E, em muitos casos, não fica comprovada a materialidade dos fatos.
Avelar observa que a criança, antes de apresentar algum sinal físico, tem mudanças de comportamento. “A criança vítima de violência sexual emite sinais que podem ser observados pela família, por amigos ou educadores, como roupas íntimas rasgadas ou com manchas de sangue, queixas de dor ou dificuldades para caminhar e até doenças sexualmente transmissíveis”, elenca.
Ainda segundo o conselheiro, a criança pode perder a fala, apresentar distúrbios do sono, como agitação, terror noturno ou pesadelos, voltar a fazer xixi na roupa ou na cama, além de apresentar distúrbios da alimentação, como falta de apetite ou excesso de peso devido alimentação desregrada, medo de ficar só ou em companhia de determinada pessoa, entre outros.


Mudança de comportamento
O conselheiro tutelar André dos Reis Avelar, de Apucarana, observa que a maior parte das denúncias chega por ligações anônimas, através do Disque 100. “Estudos apontam que de cada dez casos de violência sexual, pelo menos oito envolvem crianças de 2 a 9 anos de idade”, diz.
Ele explica que violência sexual não é só o ato sexual propriamente dito, mas qualquer gesto ou carícia de cunho sexual, até porque é possível violentar sexualmente uma criança sem tocar nela, pela internet, por exemplo, ou a expondo a conteúdos pornográficos, que geram uma erotização precoce. A violência sexual é um crime difícil de ser comprovado, porque vai além da conjunção carnal. E, em muitos casos, não fica comprovada a materialidade dos fatos.
Avelar observa que a criança, antes de apresentar algum sinal físico, tem mudanças de comportamento. “A criança vítima de violência sexual emite sinais que podem ser observados pela família, por amigos ou educadores, como roupas íntimas rasgadas ou com manchas de sangue, queixas de dor ou dificuldades para caminhar e até doenças sexualmente transmissíveis”, elenca.
Ainda segundo o conselheiro, a criança pode perder a fala, apresentar distúrbios do sono, como agitação, terror noturno ou pesadelos, voltar a fazer xixi na roupa ou na cama, além de apresentar distúrbios da alimentação, como falta de apetite ou excesso de peso devido alimentação desregrada, medo de ficar só ou em companhia de determinada pessoa, entre outros.