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ASSÉDIO NA ESCOLA

Da Redação

| Edição de 03 de junho de 2020 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Os relatos de assédio divulgados na última semana através das redes sociais pela ‘hashtag’ ExposedApucarana deixaram muitos pais preocupados. Isto porque a maioria das denúncias, feita por jovens, se passavam dentro de instituições de ensino. Especialista chama atenção para situações que acontecem em sala de aula e afirma que família precisa ficar atenta.

Gabriela Sacchelli é professora do curso de Pedagogia do campus de Apucarana da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) e graduada também em Sociologia. Para ela, é importante ressaltar que crianças e adolescentes são seres em desenvolvimento.
“Eles estão crescendo e aprendendo, e o adulto não tem o direito de tocar nessas pessoas, nem enviar mensagens ou falar algo com cunho sexual. Por mais que falem que o adolescente sabe o que faz, ele tem um nível de maturidade diferente do adulto, que já passou por experiências que um adolescente ainda não passou”, reforça.  
De acordo com a profissional, a escola, enquanto instituição social, tem os mesmos problemas da sociedade. “A educação vem de uma cultura de sexualização que diz que criança e adolescente namora, que erotiza mulheres, e essa erotização acaba avançando os muros das escolas”, ressalta. 
A pedagoga diz que o assédio é considerado nesse caso porque o professor exerce uma função de hierarquia, ou seja, ele tem o poder de atribuir nota, de aprovação e reprovação.  “Portanto, essa é uma questão de assédio, que pode acontecer também entre chefe e empregado”, esclarece. 
O papel da família em caso de assédio já ocorrido, conforme Gabriela, é realizar a denúncia e fazer um acompanhamento psicológico e com especialistas. “Pensando na prevenção para que não ocorra assédio, seria preciso mudar toda a estrutura cultural, como já havia falado, falar que criança namora, incentivar algumas atitudes, faz com que a erotização aumente. Vale lembrar, que essas figuras que cometem assédio também foram crianças e adolescente criadas dentro dessa cultura de erotização”, acrescenta. 
Na opinião de pedagoga, o certo seria se toda a comunidade escolar, não só os professores, como funcionários e gestores, tivessem envolvidos na hora de cuidar e assegurar que a criança e adolescentes não sofram a violência física moral ou sexual. “Esse cuidado vai além do olhar, vai para a prevenção. Prevenir é também mudar essa cultura, é também fazer com que essa pessoa se sinta segura e toda vez que ela olhar para um adulto, veja alguém que vai cuidar, preservar a sua vida, e não a agredir”, complementa.

EXPOSED APUCARANA
Inspirada por movimentos semelhantes ocorridos em outras cidades, a campanha #ExposedApucarana, iniciada na rede social Twitter, incentiva pessoas a exporem casos de assédio, como forma de chamar atenção para o problema.
Anteontem, algumas jovens, após relatar situações de assédio, formalizaram as denúncias na Delegacia da Mulher. No mesmo dia, um professor de Física da cidade, que afirma ter sido citado em publicações, teve liminar concedida, obrigando a rede social em questão a omitir postagens citando o seu nome.