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Ataques a bancos recuam 70% na região

Vanuza Borges

| Edição de 23 de fevereiro de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Caixas eletrônicos, postos avançados e bancos enfrentaram nos últimos anos uma rotina de ataques de quadrilhas especializadas, que levavam terror principalmente aos pequenos municípios da região. Um levantamento feito pela Tribuna mostra, no entanto, um recuo neste tipo de crime de 2015 para 2016 no Vale do Ivaí. Entre explosões e assaltos, houve uma redução de 70% em comparação ao ano anterior. Foram 20 ocorrências contra 6. A diminuição, segundo autoridades ligadas à segurança pública, está associada a prisões de quadrilhas especializadas, como a conhecida como Cangaço, reforço do armamento da Polícia Militar e esvaziamento de caixas eletrônicos em supermercados e postos de gasolinas.

No Estado, de acordo com dados do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, os números também indicam uma queda significativa: 59% nas ocorrências de explosões. Segundo o presidente da Federação dos Vigilantes do Paraná, João Soares, o recuo começou em 2015. “Podemos observar que, neste período, proprietários de postos de combustíveis, supermercados e farmácias, que tinham caixa eletrônico em seus estabelecimentos, retiraram os equipamentos”, observa.

Outra situação observada por Soares foi a mudança nas regras de abastecimentos de alguns bancos, que passaram a não deixar dinheiro em caixa a partir das 19 horas. Além disso, a prisão das quadrilhas especializadas contribuiu para a redução de casos.
O delegado-chefe da 17ª Subdivisão Policial, de Apucarana, José Aparecido Jacovós, que participou da Operação Cangaço, que recebeu esse nome justamente por investigar uma quadrilha especializada em ataques a bancos, comenta que a Polícia Civil está com uma força-tarefa investigando somente este tipo de crime. “Para prender essas quadrilhas, o trabalho de investigação e inteligência é intenso. Tanto é que essa semana uma quadrilha que agia na região sudoeste foi presa”, cita.

O comandante do 10º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Apucarana, José Francisco Cardoso, ressalta também o trabalho de prevenção. No ano passado, por exemplo, parte da quadrilha Cangaço foi presa em Apucarana. Na situação foram presos Nicanor Junior de Almeida, 32 anos, e Fábio Havrelux, 38 anos, após assaltarem duas agências bancárias em Querência do Norte. Outro bandido morreu e um quarto ficou ferido. “A quadrilha Cangaço operava em duas frentes. Quando estava completa, sitiava as cidades, fazia reféns e ameaçava os policiais. Quanto estava somente com alguns membros, explodia as agências e fugia”, comenta.

Outro ponto, segundo o comandante, é o reforço do armamento dos policiais, além do aumento do efetivo. “Recebemos armas, como maior poder de fogo, dos Conselhos de Segurança e também do Estado, o que faz a diferença num confronto. Antes, em combate, tínhamos um alcance de 50 metros, atualmente, são 400 metros”, ressalta. O comandante frisa ainda que, com a inserção dos novos soldados, todos os destacamentos passaram a ter sete policiais.
De acordo com o presidente do Conselho Comunitário de Segurança de Ivaiporã, Jair Burato, a comunidade investiu cerca de R$ 50 mil na compra de cinco fuzis para a Polícia Militar e um para a Polícia Civil. “Fomos os primeiros a ter essa iniciativa no Brasil e a comunidade percebeu que valeu a pena este investimento, porque passamos a ter mais segurança”, avalia.

Seis ataques  em 2016
Mesmo com parte da principal quadrilha que atuava na região presa em operações policias, os municípios não ficaram isentos da presença de criminosos. No ano passado, bandos fortemente armados agiram em quatro municípios da região: Apucarana, Marumbi, Rio Branco e Rosário do Ivaí. Apucarana e Rosário do Ivaí foram alvo deste tipo de ação duas vezes. 
No ano anterior, doze municípios da região sofreram com assaltos a agências bancárias ou explosões de caixas eletrônicos. Apucarana, por duas vezes, teve caixas eletrônicos explodidos, um em janeiro e outro em junho. Marilândia do Sul também registrou duas explosões, assim como Kaloré. Em Rosário do Ivaí foram registradas duas tentativas, porém todas frustradas. Na situação mais grave, assaltantes cercaram a cidade e tentaram arrombar o cofre do Bradesco e dos Correios. Convidados de uma festa de casamento foram feitos reféns.
Porém, Arapongas e Borrazópolis foram os municípios com o maior número de ações deste tipo de quadrilha. Em Arapongas foram três situações com caixas eletrônicos. Em Borrazópolis foram duas situações envolvendo caixas eletrônicos e um assalto à agência bancária. 
Neste ano, um caixa eletrônico foi explodido em Rio Branco do Ivaí.