CIDADES

min de leitura - #

Ato alerta para mortes por feminicídio

Vanuza Borges

| Edição de 24 de novembro de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

Fique por dentro do que acontece em Apucarana, Arapongas e região, assine a Tribuna do Norte.


Vinte cruzes expostas na Praça Rui Barbosa, em Apucarana, contando histórias reais de crimes contra as mulheres, chamaram a atenção de quem passava pelo local ontem à tarde. Muita gente parou para ler as histórias, em alguns casos, tão familiares. “Ele era um homem muito violento. Cheguei a procurar a Delegacia da Mulher, mas fiquei com medo que ele me matasse ou matasse alguém da minha família”, revela a aposentada, de 62 anos, que pediu para não ter o nome divulgado.

Imagem ilustrativa da imagem Ato alerta para mortes por feminicídio


Viúva há três anos, a apucaranense parou em frente de várias cruzes para ler as histórias, que sentiu na pele tantas vezes durante os 30 anos de casada. “Sempre tive muito medo dele. Por isso, muitas mulheres não denunciam, por medo”, diz. A técnica de enfermagem aposentada Francisca Reis, de 60 anos, veio de Curitiba visitar a família e também parou por alguns minutos em frente ao ato. “Chamou a minha atenção. É muito triste o que acontece com as mulheres, por isso, é necessário fazer esse tipo de alerta”, comenta, observando que já teve conhecimento de casos de violência doméstica na própria família.
Não foram só as mulheres que pararam, os homens também deram uma pausa para refletir sobre a causa. “É importante deixar isso público, porque a violência contra a mulher acontece de forma escondida, velada. É uma causa que precisa ser vista com respeito”, avalia o estudante de Direito Eduardo Rezende, de 20 anos. 
Opinião semelhante tem o estudante de Publicidade Matheus André, de 20 anos. Porém, ele acredita que a impunidade faz com que as situações de violência se perpetuem. “Não só o corpo é ferido em casos de violência, mas o emocional também. E, quem pratica a violência contra à mulher, faz muitas vezes porque sabe que não tem consequências sérias”, acredita. 
As cruzes. que relatam 11  casos de feminicídio ocorridos em Apucarana no período de 2011 a 2017 e nove atos de violência praticados contra a mulher, vão permanecer expostas até a próxima segunda-feira. 
A colocação das cruzes é uma das ações dos  “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher”, campanha que prossegue até o dia 13 de dezembro. 
A programação é extensa e inclui panfletagem, blitz e adesivagem de carros, exposição de fotos de homens fazendo apelo pela não-violência, pintura de painéis em grafite com o tema “Mulher, diga não à violência”, lançamento do projeto Política Militar na Proteção da Mulher, roda de conversa e a renovação do Pacto Municipal pelo Enfrentamento da Violência contra a Mulher, além da sensibilização em escolas que já vem sendo feita desde o início de novembro.
A campanha “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” é um evento idealizado pelo Instituto de Liderança Global das Mulheres e que desde o ano de 1991 acontece anualmente em todo o mundo. (Com assessoria de imprensa)