Apesar da polêmica decisão do presidente Michel Temer (PMDB) de convocar o Exército – já revogada -, a baderna promovida por sindicalistas e black blocs anteontem em Brasília é inaceitável, pois representa um atentado contra a própria democracia. Um grupo de manifestantes provocou um grande quebra-quebra, destruindo vidraças de pelo menos seis ministérios, além de incendiar móveis de alguns prédios da Esplanada.
A situação saiu do controle e Temer decidiu assinar o Decreto de Lei e Ordem, que prevê a convocação das Forças Armadas. Os atos de vandalismo praticados, de fato, são inaceitáveis. O governo precisava tomar alguma medida dura para conter a violência praticada por parte dos manifestantes. A questão do decreto é, realmente, discutível. Talvez houve precipitação na avaliação do quadro. Até mesmo por isso, ontem mesmo, o peemedebista desistiu e revogou o decreto.
A situação do país é caótica com os sucessivos escândalos de corrupção, incluindo até mesmo o presidente da República, mas nada justifica esse tipo de comportamento.
A população tem o direito de sair às ruas para protestar contra a corrupção e pedir o afastamento do presidente, caso considerar isso necessário. No entanto, é inadmissível que vândalos e baderneiros tomem a Esplanada para destruir o patrimônio público, usando máscaras e coquetéis-molotovs. É preciso agir com rigor e prender esses arruaceiros, que prestam um desserviço ao país, num momento por si só já turbulento.
O protesto da última quarta-feira foi organizado por centrais sindicais e movimentos de esquerda. A manifestação, além da saída do presidente e a convocação de eleições gerais, pedia a suspensão das votações das reformas previdenciária e trabalhista.
No entanto, muitos sindicalistas e alguns black blocs (ativistas que usam a violência como forma de protesto) iniciaram um grande quebra-quebra, enfrentando os policiais com paus e pedras.
Esse tipo de comportamento é absolutamente inaceitável em uma democracia. É claro que as denúncias de desvios de milhões e milhões de reais revoltam, mas é preciso respeitar as nossas instituições e as leis. Caso contrário, o Brasil será transformada numa republiqueta sem presente e sem futuro.
Essas pessoas que promoveram a destruição de ministérios em Brasília não são manifestantes, mas, sim, vândalos, baderneiros e criminosos. Esse tipo de baderna não pode se repetir. O Brasil não pode partir para extremismos desse tipo.