CIDADES

min de leitura - #

Atualização do Plano Diretor gera polêmica

Aline Andrade

| Edição de 03 de julho de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

Fique por dentro do que acontece em Apucarana, Arapongas e região, assine a Tribuna do Norte.


A Prefeitura de Apucarana começou a segunda etapa da discussão da atualização do Plano Diretor da cidade. Uma série de reuniões com representantes da população e outros segmentos já começaram a debater os principais pontos da revisão da legislação. A expansão da verticalização, sobretudo na região próxima ao Clube 28 de Janeiro, é um dos pontos que vem criando polêmica.
Na última grande atualização, em 2014, o Plano Diretor ampliou as áreas de verticalização, ou seja, a permissão para a construção de prédios mais altos. Na época, moradores dos bairros adjacentes já se mostraram contrários à expansão e, mesmo com a nova legislação definida em 2015 permitindo tais construções, o apelo popular impediu o avanço da verticalização na região do clube.
Agora, o tema volta a ser discutido trazendo à tona a polêmica. Um grupo de moradores da região já preparou um abaixo assinado com 280 assinaturas pedindo para que a região permaneça como está com veto à construção de grandes prédios. O médico Daniel Blanski é um dos defensores desta frente. Morador da região, ele afirma que o desejo da maior parte dos moradores é que o local permaneça um bairro residencial como sempre foi tradicionalmente.
“Só querem essa alteração pessoas que estão ligadas a empreendimentos. Estamos com um grupo moradores da Vila Marigilda, que fica atrás do Clube 28 e demais bairros ao redor que seguem até a região da linha do trem. São 280 assinaturas de pessoas que não querem que saiam prédios nos nossos bairros. Tem que se ter cuidados para verticalizar, principalmente na questão do trânsito, que aqui nessa região, não tem estrutura para pra isso. Estamos abraçados pela Rua Coronel Luiz José dos Santos e pelos trilhos do trem lá embaixo, uma rua curva que passa pelo bairro todo e todas as ruas convergem para ela”, diz.
Blanski defende que sejam realizados investimentos em mobilidade urbana para abrir a área de expansão da cidade, tirando a região central da mira da verticalização. “Não somos contra a verticalização, mas que descentralize. Hoje estamos amarrados por uma ferrovia que atrapalha a cidade. É preciso construir mais vias de acesso para ligar as regiões e aí sim, abrir novas áreas de verticalização”, defende.
CRESCIMENTO
Já para o advogado Raggi Feguri Filho, a verticalização na região do Clube 28 de Janeiro é urgente. Ele, que morou muitos anos na região e tem parte da família residindo no local, faz parte de um grupo organizado de moradores e investidores a favor das construções. O grupo já se reuniu com vereadores de Apucarana para defender a ideia da verticalização, construindo parcerias público privadas (PPP) com investidores para fomentar o desenvolvimento daquela região. “A gente já perdeu muito no passado com essa visão proibitiva. Investidores sempre tiveram dificuldades pra aqui se fixarem. Isso vem mudando. Não podemos mais pensar Apucarana como uma cidade pequena; interiorana. Ela não é mais assim. É necessário entender que o plano diretor que se debate agora, terá vigência até 2030. Ao se coibir o investimento naquela região, estaríamos a relegando a ficar estagnada no tempo enquanto todo o município crescerá exponencialmente”, acredita.
A revisão do plano vem sendo discutida em uma ‘serie de encontros setoriais e com moradores da sede e dos distritos do município.

Entidades participam da discussão
O tema também foi tratado anteontem na Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Apucarana (Acia). Os membros da diretoria da entidade puderam ouvir dos representantes da DRZ – Gestão de Cidades, empresa de consultoria contratada pelo Município, os planos que estão sendo pensados para a cidade. Representantes de moradores da região do Clube 28 de Janeiro que defendem a restrição da verticalização no bairro também participaram do encontro. 
O presidente da Acia Jayme Leonel, disse que o encontro fez parte da programação definida pela prefeitura para a discussão da atualização do Plano Diretor, e que a entidade não tem nenhuma posição definida contra ou a favor da questão. 
“Queremos ouvir a comunidade e saber o que eles querem. Mas não podemos deixar de observar que a questão da construção de prédios ao lado de casas gera transtornos, as ruas estreitas influenciam o trânsito, enfim, uma série de coisas que precisam estar em uma discussão muito ampla e aberta para definir o melhor caminho”, pontua.

Discussão é parte do processo
Para o secretário municipal de Obras, Herivelto Moreno, a fase dois da alteração do Plano Diretor serve justamente para este propósito: ouvir a população e conhecer suas necessidades e anseios. Para isso, estão sendo realizadas reuniões setoriais e depois todos serão ouvidos juntos em outra grande região. 
Ele acredita que a expansão da área de verticalização da cidade trouxe crescimento e desenvolvimento e no caso da região do Clube 28 de Janeiro, serão definidos parâmetros nessa nova discussão até o final do ano, que devem apontar o que será feito. “Devemos ouvir ambas as partes para definir, primeiramente a região, já que o Clube 28 é um ponto de referência e não um bairro, então precisamos primeiro definir que bairros englobam essa região oficialmente. A partir daí, apresentar parâmetros de recuo de divisa de prédios, afastamentos, coisas específicas para o local”, explica.