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Avicultura é carro-chefe do agronegócio da região

Fernando Klein

| Edição de 24 de setembro de 2017 | Atualizado em 23 de setembro de 2017

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A avicultura tomou o lugar da soja na região como principal motor da agropecuária. Dos 13 municípios pertencentes ao Núcleo Regional da Secretaria de Estado da Agricultura (Seab), de Apucarana, nove têm o frango de corte como carro-chefe.
No ano passado, a avicultura movimentou R$ 707 milhões nos 13 municípios da Seab de Apucarana. O número representa 34,8% do total do Valor Bruto de Produção (VBP), que chegou a R$ 2,026 bilhões na regional. O crescimento em relação a 2015 foi de apenas 2,3%. Naquele ano, a produção de frango de corte movimentou R$ 691,3 milhões, representando 34,3% do VBP 2015, que atingiu R$ 2,011 bilhões.

Imagem ilustrativa da imagem Avicultura é carro-chefe  do agronegócio da região


Em contrapartida, os resultados da soja despencaram na regional da Seab de Apucarana. Em 2015, a oleaginosa movimentou R$ 401,4 milhões, representando 19,9% do VBP. Já em 2016, houve uma queda de 15,7%. A soja girou R$ 338,4 milhões, passando a representar apenas 16,6% do VBP 2016.
Apucarana, Arapongas, Bom Sucesso, Califórnia, Cambira, Jandaia do Sul, Marumbi, Novo Itacolomi e Sabáudia têm a avicultura como principal força da agropecuária. Em Apucarana, o segmento movimentou R$ 139,034 milhões em 2016, o que representa 46% do VBP total (R$ 302,30 milhões). Segundo dados da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), o município conta hoje com mais de 4 milhões de aves alojadas, o que representa 70,7% a mais do que em 2015, quando eram 2,3 milhões.
Em Arapongas, a avicultura também representa uma fatia grande do agronegócio. O segmento movimentou no ano passado R$ 93,80 milhões de um VBP total de R$ 309,6 milhões, o que representa 30,2%. O município conta ainda com grande produção de ovos de galinha (para consumo), que soma R$ 80 milhões do faturamento da agropecuária, representando outros 25% do VBP total.
O economista Paulo Sérgio Franzini, responsável pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab de Apucarana, afirma que o crescimento da avicultura – de 2,3% - foi tímido no ano passado por conta de algumas mudanças de integradoras dos produtores. “Isso fez ter um vazio de lotes (de aves)”, assinala. Ele observa que a soja deve se recuperar no faturamento agropecuário de 2017. O resultado foi negativo no ano passado por conta da quebra da safra. A chuva no período da colheita derrubou a produção. Isso explica a queda de15,7% no faturamento. Neste ano, a safra deve fechar em 440 mil toneladas contra 296 mil toneladas de 2016, um aumento de 48,6%.

Produtores são entusiastas da atividade
Há treze anos trabalhando com frango de corte, o apucaranense Paulo Gumercindo Novaes, 63, é um entusiasta da atividade. Ele tem dois barracões de 1,2 mil m² no Distrito de Correia de Freitas e produz entre 28 e 30 mil frangos por lote – são entre 5 e seis lotes por ano. “A avicultura é uma ótima opção. É um alimento que todas pessoas comem no mundo inteiro”, assinala. Seo Gumercindo destaca o mercado externo, que tem grande demanda. “Há muito espaço ainda para o crescimento da avicultura, porque o frango é muito consumido na Ásia, Oriente Médio e Europa”, pontua. 
O apucaranense trabalha com a integradora JBS, de Rolândia. Os recentes escândalos da Operação Carne Fraca e também da prisão dos executivos da empresa preocupam. No entanto, até agora, não houve grandes mudanças. “Tudo continua normal, mas a gente fica um pouco apreensivo”, assinala.
A avicultura faz parte da família de Rony Aléssio Schiavo, há 30 anos em Sabáudia. O Sítio Schiavo, na Gleba Pau D´Alho, tem dois barracões de 1,9 mil m² e a produção por lote varia entre 55 a 57 mil frangos. O pai de Rony, Paulo Roberto Gigliotti Schiavo, de 62 anos, iniciou a atividade, que foi abraçada pelo filho - hoje com 24 anos - quando era ainda adolescente. “A avicultura é a base da renda da nossa família. É um setor do agronegócio que está crescendo muito e tem ainda muito potencial para se desenvolver”, assinala. Segundo ele, novos barracões são construídos a cada ano no município e na região. “A avicultura tem um retorno significativo e rápido, ao contrário da agricultura convencional”, assinala. Há, no entanto, alguns desafios. O custo de produção ainda é muito alto. “A energia elétrica é cara. Com os aviários automatizados, é precisa manter climatização adequada por 24 horas e isso tem um preço que pesa no orçamento”, assinala.