CIDADES

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Boato sobre ‘Baleia Azul’ assusta escola

Vanuza Borges

| Edição de 21 de abril de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Apontado pelas autoridades como um mal-entendido, um boato envolvendo a prática do jogo ‘Baleia Azul’ após a fuga de dois estudantes gerou pânico entre pais e alunos do Colégio Estadual Emílio de Menezes ontem em Arapongas. Tudo começou após o desaparecimento de dois estudantes do ensino médio – uma garota de 17 anos e um jovem de 16 - na segunda-feira. Os dois foram encontrados no dia seguinte. Porém, o caso sofreu uma reviravolta após um professor gravar um áudio associando de forma antecipada o desaparecimento dos dois com o desafio suicida. O áudio acabou sendo espalhado na terça-feira através do WhatsApp e chegou ao conhecimento de pais e alunos. Todos os envolvidos foram ouvidos pela Polícia Civil. Ontem, muitos alunos não foram para aula, orientados pelos pais.
No áudio que circulou nas redes sociais, um professor de Língua Portuguesa e Inglês faz um alerta citando a suposta participação de uma terceira estudante no caso. A garota foi denominada como satanista e “tutora” no jogo. Na onda de boatos, que foram associados ao desafio ‘Baleia Azul’, estaria inclusive a missão de executar professores e alunos do colégio, o que é negado pelos estudantes. Os adolescentes que fugiram na segunda-feira foram localizados no dia seguinte em Cambé, quando retornavam para Arapongas.
Em sua página pessoal no Facebook, a adolescente, que é citada como a “líder” do grupo, fez um desabafo. “Sobre a fuga dos dois alunos do Emílio, quero deixar claro que a única relação que tive com isso foi que eu conhecia ambos, o desaparecimento deles não teve nada com a ‘’Baleia Azul’’ e eu muito menos sou uma das pessoas que dá ordens para as pessoas que jogam isso”, diz trecho do seu depoimento. Em relação ao áudio do professor, a adolescente, de 17 anos, relata que tudo que é dito é mentira e já recebeu mais de 30 solicitações de amizade e inúmeros mensagens com xingamentos e ameaças por causa do episódio.
ACOMPANHAMENTO
Após o episódio da fuga dos estudantes e do áudio do professor, o Núcleo Regional de Educação (NRE), de Apucarana, esteve ontem de manhã e parte da tarde no colégio, realizando reuniões com os pais e professores. “Tentamos acalmar e explicar a situação. O Conselho Tutelar está acompanhado o caso e os estudantes envolvidos serão acompanhados por uma psicóloga do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e, por um período, vão fazer as atividades da escola em casa”, afirma a chefe do NRE, Maria Onide Balan Sardinha.
Sobre o professor, Maria Onide revela que será ouvido na segunda-feira no NRE. “Porém, temos que reconhecer que foi uma atitude impensada e incoerente, que acabou criando um terror na escola”, diz.
Por outro lado, a chefe do NRE ressalta que tanto as escolas como os pais têm o papel de acompanhar e orientar os adolescentes, sempre tendo o diálogo como mediador.
“Na segunda-feira, a pedido do colégio, o Ministério Público, que também está acompanhando o caso, fará uma palestra orientativa com os alunos”, frisa.


Polícia Civil investiga caso
Em entrevista coletiva ontem na sede da 22º Subdivisão Policial (SDP), de Arapongas, o delegado-chefe, Marcos Fernando da Silva, explicou que o desaparecimento dos adolescentes na segunda-feira não está associado ao jogo ‘Baleia Azul’. “A fuga teria ocorrido após desentendimento familiar. Os três haviam combinado, mas a outra adolescente teria desistido. A confusão começou com o áudio, mas estamos investigando todas as possibilidades, porque a versão dos adolescentes guarda divergências”, diz.
Entretanto, o delegado revela que a adolescente citada no áudio passa por tratamento psicológico e tem anotações na agenda de missões a serem cumpridas ou que já foram cumpridas. “Vamos verificar o que é real e alucinação. Os outros dois adolescentes também já passaram por tratamento psicológico”, diz.