CIDADES

min de leitura - #

Câncer mata mais de 500 por ano na região

Cindy Santos

| Edição de 05 de fevereiro de 2020 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

Fique por dentro do que acontece em Apucarana, Arapongas e região, assine a Tribuna do Norte.

No ano passado, 512 pessoas morreram de câncer na região. De acordo com dados da 16ª Regional de Saúde de Apucarana, os tipos mais letais que causaram maior número de óbitos se desenvolveram nos brônquios e pulmões (59), estômago (45), mama (37), cólon (32), próstata (31) e no cérebro (25). Ontem foi o Dia Mundial do Combate ao Câncer, data instituída há duas décadas, com o objetivo de aumentar a conscientização sobre a doença e incentivar hábitos saudáveis e o diagnóstico precoce como modo de prevenção de novos casos. 

Só no ano passado, a Unidade de Tratamento do Câncer, do Hospital da Providência de Apucarana atendeu 17.276 pacientes entre consultas ambulatoriais, quimioterapia, hormonioterapias e outros procedimentos. Em novembro do ano passado, a unidade recebeu um aparelho de radioterapia importado dos Estados Unidos para o tratamento de pessoas com a doença. 
Conforme especialistas, o câncer é definido como uma célula normal do organismo que recebeu algum tipo de modificação durante o ciclo. Na doença as células anormais se dividem e destroem o tecido do corpo. De acordo com o clínico geral Daniel Blanski, qualquer pessoa pode desenvolver câncer, desde que se enquadre em síndromes hereditárias genéticas ou tenha algum hábito de vida que possa levar à doença. 
“Existem alguns tipos de tumores mais frequentes em determinadas famílias, como câncer de mama nas mulheres e o câncer no intestino entre os homens. Mas para a maior parte não existe uma causa a não ser peculiaridades individuais ligadas a falta de cuidado com a alimentação, atividades físicas, disposição ao uso de drogas como tabaco que está literalmente ligado ao câncer de pulmão”, aponta o médico.
O médico afirma que é possível evitar a doença mantendo hábitos saudáveis, ir ao médico regularmente e fazer exames específicos. “Em cada fase da vida existem exames que precisam ser feitos, ter uma alimentação adequada, evitar alimentos processados e industrializados, beber muita água, afastar o uso abusivo de álcool, tabaco e outras drogas, fazer exercícios físicos e ter um peso adequado”, orienta o médico.

PREVENÇÃO
Segundo nota da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), 30% a 50% dos casos de câncer podem ser prevenidos a partir de mudanças no estilo de vida. Apesar de recomendações simples, a SBOC encontra dificuldade para que as pessoas mudem suas rotinas e adotem comportamentos mais saudáveis. “Ao contrário do caso do cigarro, em que a relação com o câncer de pulmão é direta, os impactos do estilo de vida na saúde são pouco palpáveis para a maioria das pessoas, pois é muito difícil dizer com precisão o que originou o tumor; se foi o consumo de álcool ou de carnes processadas”, explica o oncologista Duílio Rocha Filho, ligado à SBOC. 
Em pesquisa feita pela SBOC em 2017, com 1.500 pessoas em todo o país, metade declarou que não faz exercício físico. Uma em cada quatro pessoas entrevistadas não vê a obesidade como problema relacionado ao câncer. 

Diagnóstico precoce salva vidas
Após um ano com várias sessões de quimioterapia e radioterapia, o tratamento de Silvanir Pavão, 51 anos,  contra um câncer de mama finalmente chegou ao fim. A auxiliar odontológica foi diagnosticada com a doença em fase inicial em outubro de 2018 após sentir um enrijecimento na mama esquerda. 
“A médica pediu ultrassonografia que apontou um fibroadenoma. Fiz uma ressonância e deu o mesmo resultado. Ela disse para ficar tranquila que iria desaparecer. Então procurei um mastologista que orientou a retirar. Marcamos a cirurgia e retirou o tecido, mas a biópsia do material retirado apontou que havia células cancerígenas. Então voltei para o centro cirúrgico um mês depois e fiz mastectomia total na mama esquerda no fim de 2018 e comecei o tratamento”, conta.
De acordo com ela, foi uma fase muito difícil, ainda mais depois de perder o marido e o sogro por causa da mesma doença. “Foi um baque muito grande e a pior parte foi dar a notícia para meus dois filhos”, conta. 
Mas Silvanir afirma que até dos piores momentos se pode extrair aprendizados para a vida inteira. “Estou me sentindo ótima graças a Deus, com cicatrizes, porém viva e com saúde. Eu aprendi a dar valor no que realmente importa, nas mínimas coisas, em sentir o sabor da comida, em ter disposição para lavar uma louça na pia”, comenta ela que ainda precisará de acompanhamento médico durante cinco anos.