CIDADES

min de leitura - #

Quebra da safra de soja passa de R$ 368 milhões na região

Cindy Santos

| Edição de 05 de abril de 2024 | Atualizado em 05 de abril de 2024
Imagem descritiva da notícia Quebra da safra de soja passa 
de R$ 368 milhões na região

Fique por dentro do que acontece em Apucarana, Arapongas e região, assine a Tribuna do Norte.

Na reta final da safra de soja, a quebra de produção é estimada 16,5% na região. Segundo levantamento das regionais de Apucarana e Ivaiporã da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), das 1,158 milhão de toneladas previstas foram colhidas 966,8 mil toneladas, um prejuízo de R$ 368,5 milhões aos agricultores. Uma das causas apontadas por especialistas é o calor excessivo e baixo volume de chuvas no fim do ano passado e início deste ano que castigaram as lavouras da região. 

A maior quebra foi registrada na região de Ivaiporã que abrange 15 municípios do Vale do Ivaí com redução de quase 20% na produção de soja, segundo o engenheiro agrônomo Sergio Carlos Empinotti, do Departamento de Economia Rural (Deral).

Apesar da área plantada ter aumentado de 175 mil para 180 mil hectares, o rendimento médio por hectare caiu de 3.500 quilos para 2.900 quilos.

“Essa queda se deve principalmente à estiagem que atingiu a região durante o período de desenvolvimento da soja”, explica Empinotti. “As lavouras mais afetadas foram as de primeiro e segundo plantio, que registraram quedas de até 60%”, afirma. 

Mesmo com a queda geral, alguns produtores conseguiram manter a produtividade em patamares normais, chegando a colher até 160 sacas de 60 quilos por alqueire. “Em casos raros, onde o solo tinha mais umidade e o produtor estava mais preparado com o plantio direto mais antigo, a produtividade chegou a 180 sacas por alqueire”, ressalta o engenheiro agrônomo.

Na região, a média de comercialização do produto é de R$ 100,20 por saca de 60 kg. Em 2023 o produto chegou a ser vendido em média a R$ 151,47.

Embora a expectativa inicial fosse de que a safra rendesse R$ 1.087 milhões para os produtores da região, com a queda na produção esse total deve ficar em torno R$ 870 milhões, uma redução de R$ 217 milhões.

“Nos últimos anos, o preço da soja chegou patamares excelentes para o produtor, mas esse valor era reflexo da especulação em torno da guerra na Ucrânia e do receio de falta do produto no mercado e os países se abasteceram. Com o mercado se abastecido, o preço voltou ao seu nível normal que historicamente é em torno de U$ 20 dólares a saca”, relata Empinotti.

Quebra de 30%  na região de Apucarana

Com 99% da área colhida na regional da Seab de Apucarana, que abrange 13 municípios, Deral aponta quebra de 16%. A estimativa de produção inicial era de 528,2 mil toneladas, número que caiu para 444,8 mil toneladas, redução de 16%. A quebra de aproximadamente 83,4 mil toneladas corresponde a uma perda de R$ 151,5 milhões. “Além da quebra da produção, os produtores estão enfrentando um problema: os preços de mercado estão menores nesta safra, pois no mesmo período do ano passado, o valor da saca estava em torno de R$ 140 o que significa uma redução de aproximadamente 22% dos preços”, comenta o técnico do Deral, Adriano Nunomura. Atualmente, a saca de 60 kg de soja está cotada a R$ 109.De acordo com Nunomura, a redução na produção e nos preços de venda, além de diminuir os lucros para o produtor, afeta diretamente o comércio e a economia local, principalmente nos municípios da região em que a agricultura é a principal atividade econômica e, em muitas vezes, a produção de grãos é a principal cultura agrícola. “E quando ocorrem quebras de safra e redução nos preços como estão ocorrendo, são esses municípios que mais sentem os reflexos desses danos”, afirma.