CIDADES

min de leitura - #

Colônia Esperança simboliza tradição do município

Renan Vallim

| Edição de 10 de outubro de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

Fique por dentro do que acontece em Apucarana, Arapongas e região, assine a Tribuna do Norte.

Comunidade foi criada por imigrantes católicos que vieram do Japão
Um dos principais marcos arquitetônicos e históricos da região, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, na Colônia Esperança, é um verdadeiro símbolo de Arapongas. O município, que completa 71 anos hoje, tem na paróquia um marco da tradição que construiu da cidade. Criada em 1935, a comunidade é a primeira e única fundada no Brasil por japoneses católicos, sob orientação de padres missionários. Até hoje, descendentes dos primeiros habitantes mantêm vivos os costumes do local.

Imagem ilustrativa da imagem Colônia Esperança simboliza tradição do município


Na década de 30 do século passado, a Companhia de Terras Norte do Paraná recebeu a incumbência de povoar esta região. Neste contexto, padres missionários, sob a coordenação do padre alemão Agostinho Utsch, resolveram criar uma colônia rural, trazendo imigrantes japoneses para a área que hoje fica entre Arapongas e Apucarana. Utsch foi missionário no Japão e no Brasil, sendo responsável pelos contatos junto às duas comunidades. Falecido em 1970, o padre encontra-se enterrado na cripta da igreja.
Poucos anos após a criação da Colônia Esperança, foi realizada a construção da paróquia, através dos esforços dos próprios japoneses, como conta o padre Marcos Donizete Bertanha, pároco da igreja há quatro anos e meio. 
“Esta é uma igreja histórica, com detalhes que deixam claro como os colonos se dedicaram em sua construção. A riqueza de detalhes, com imagens em estilo barroco, vitrais, itens de mármore e granito, fizeram com que a igreja se tornasse uma referência em beleza arquitetônica na região. A torre com três sinos de bronze, que pesam juntos 2,5 toneladas, é o grande arremate na construção”.
A igreja foi inaugurada em 1955. Segundo o padre, há um sentimento especial em ser pároco da igreja, visto que a comunidade ainda sustenta costumes iniciados na época da criação da colônia católica japonesa. “Hoje, não há mais tantas pessoas na Colônia Esperança. Por isso, a igreja abre apenas aos sábados à noite para as missas. Mas, até hoje, os descendentes dos desbravadores ainda se reúnem após a celebração. Cada um leva um alimento ou bebida para compartilharem uns com os outros. Em média, 50 a 60 pessoas participam destes encontros, que acolhem também os moradores da localidade que vieram depois, mesmo aqueles sem qualquer ligação com o Japão. Não apenas comida, mas a história é compartilhada, criando um vínculo fortíssimo na comunidade”, destaca Bertanha. (RENAN VALLIM)

Descendente de pioneiros contam história da localidade
Hoje, cinco ou seis famílias de descendentes dos pioneiros ainda vivem na Colônia Esperança. Um deles é Inácio Suzuki, de 76 anos. O pai de Inácio foi um dos primeiros a chegar à Colônia Esperança. Koshiro Suzuki desembarcou no Brasil aos 35 anos, em 1931, trazido por padres missionários. Após morar em Gonzaga (SP) por três anos, ele se mudou para a Colônia Esperança.
“Ele recebeu 1 mil alqueires da Companhia de Terras Norte do Paraná, com a incumbência de comercializá-los junto aos imigrantes. Por isso, muitos dos japoneses que se instalaram na aqui vieram de Gonzaga e região”, diz Inácio. Até 1940, cerca de 70 terrenos haviam sido comercializados.
A maior parte das terras era destinada para a subsistência, com algumas áreas voltadas para o cultivo de café para comercialização. Após a geada de 1975, que dizimou os cafezais, a agricultura da região se modificou e, hoje, tem produção concentrada na avicultura e no cultivo do abacate.
Foi na Colônia Esperança que Koshiro conheceu Tereza. Casaram-se e tiveram, além de Inácio, outros quatro filhos. “Meu pai faleceu em 1993. Na época, eu estava há quatro anos morando no Japão e retornei para cuidar da minha mãe, que morreu pouco tempo depois. Hoje, plantamos eucalipto e amora para criar bicho-da-seda”, afirma Inácio.