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Conselho Tutelar atende 16 casos por dia

Renan Vallim

| Edição de 18 de abril de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Um levantamento realizado pelo Conselho Tutelar de Apucarana aponta que dos 362 casos de violação de direitos contra crianças e adolescentes registrados pelo órgão no primeiro trimestre deste ano, 55% foram praticado pelos pais ou responsáveis das vítimas. No total, 1.448 atendimentos foram feitos entre janeiro e março, o que resulta em uma média de 16 atendimentos por dia.

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Nem todos os atendimentos realizados pelo Conselho Tutelar abrangem violação de direitos. Dos mais de 1,4 mil atendimentos realizados no período em questão, 362  se enquadram nessa categoria. Destas, 199  violações foram praticadas por pais ou responsáveis legais, o que resulta em 55% do total. Em seguida estão o Estado, por não proporcionar políticas públicas, com 71 violações constatadas, ou 19,6%.
Tanto o volume de atendimentos quanto de casos de violação de direitos aumentou em 2018. No mesmo período do ano passado, os atendimentos totalizaram 1.422, com 334 violações de direitos. Neste ano, os números são, respectivamente, 1,8% e 8,4% maiores.
De acordo com o conselheiro tutelar André Reis, o número é considerado alto. “Pelas circunstâncias dos atendimentos, que são geralmente casos complexos e com o envolvimento de violência, consideramos que os números estão em um patamar bastante elevado”, diz.
Segundo ele, a maior parte dos atendimentos envolve violência dos próprios pais contra os filhos. “A maioria dos casos, infelizmente, acontecem por conta da desestruturação da família. O que vemos é que, atualmente, muitos pais ‘terceirizam’ a educação dos filhos, na maioria das vezes para creches e escolas. Muitos não conhecem os próprios filhos, pois mal convivem com eles. Falta diálogo, aproximação, até chegar a um patamar em que os pais passam a achar que a violência é a forma correta de se educar”, explica.
O conselheiro ainda aponta que esses episódios de desestruturação e violência podem afetar a criança por toda a vida. “Especialistas apontam que, em períodos críticos da formação, um trauma pode se refletir nas atitudes de toda a vida da criança”.
O Conselho Tutelar realizou, no período, 310 encaminhamentos. O Centro de Referência Especializada de Assistência Social (Creas) foi o principal destino, com 42 encaminhamentos. Segundo André, é preciso atuar na prevenção dos casos. “É preciso que haja investimento em políticas públicas que promovam a estruturação da família e façam com que os pais compreendam as suas responsabilidades na educação das crianças. Este seria um importante passo para reduzirmos estes números”, destaca.