O professor Antonio Marcos Dorigão, diretor do Centro de Ciências Humanas e da Educação da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), campus Apucarana, acredita a pandemia poderá causar mudanças na sociedade. Mas não arrisca afirmar se o legado será positivo ou negativo. “Tudo que acontece, seja grande ou pequeno, provoca mudanças positivas ou negativas”, considera.
Em relação ao comportamento da população, Dorigão acredita que algumas pessoas já mudaram seus hábitos e estão mais cuidadosas em relação a saúde. “Algumas pessoas já mudaram o comportamento desde a epidemia de H1N1”, comenta.
O professor aponta, que historicamente, a sociedade também é composta por pessoas indiferentes, que não se preocupam com o coletivo. Traços deste comportamento estão relacionados a cultura do negacionismo, que é a escolha de negar a realidade para escapar de uma verdade desconfortável. “Temos políticos que levantam bandeira negando a pandemia, e fazem isso porque encontram eco na sociedade. Eles se retroalimentam”, analisa
Para Dorigão, a pandemia trouxe a oportunidade de mudanças, também no setor econômico. Segundo ele, o Brasil tem oportunidade de repensar o processo de industrialização e adquirir independência da importação. O professor também aponta que a pandemia revelou um modelo de organização de trabalho frágil, com profissionais sem garantia e sem segurança.
“A epidemia deixou claro o quanto somos dependentes. Não temos uma indústria nacional que dê conta de produzir equipamentos de produção individual, medicamentos alimentos, itens tecnologia. É preciso repensar ainda no modelo de organização de trabalho que estamos seguindo”, pontua.