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Cortes afetam bolsistas de Apucarana

CINDY SANTOS

| Edição de 04 de setembro de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O corte de 5.613 bolsas anunciado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes) afetou os programas de iniciação científica e pós-graduação das instituições públicas de Apucarana. O campus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) perdeu sete bolsas de iniciação científica este ano, passando de 31 para 24, o que corresponde a uma redução de 22,6% no número de bolsistas, em comparação com o período anterior. 

Imagem ilustrativa da imagem Cortes afetam bolsistas de Apucarana

No total, a UTFPR tem 86 discentes de todos os cursos de graduação envolvidos no programa, sendo que 62 não são bolsistas. De acordo com o professor Cosmo D. Santiago, diretor de pesquisa e pós-graduação do campus, a universidade ainda tem 9 alunos bolsistas nos programas de mestrado e três pesquisadores com bolsas de produtividade. 
“A falta de recursos financeiros que atualmente atinge as universidades acerta em cheio a pesquisa e a pós-graduação que abrange mestrado, doutorado e pós-doutorado. A falta de bolsas de estudos e de editais que fomentam a pesquisa científica é um desestímulo, principalmente para os estudantes que almejam a carreira científica”, analisa. 
Santiago ainda avalia que, a médio e longo prazo, o corte também vai impactar diretamente na formação e qualificação dos profissionais, com reflexos no desenvolvimento científico e transferências de novas tecnologias.   
O estudante de engenharia civil, Luiz Eduardo de Mattos, foi bolsista do programa de iniciação científica da UTFPR, até agosto deste ano. Ele conta que tentou renovar a bolsa, porém por causa dos cortes não obteve sucesso. “Infelizmente isso acaba desmotivando, principalmente devido ao fato de que eu vou participar de um congresso internacional, que vai ocorrer em Natal, no mês de novembro. Para participar, tive que pagar a inscrição e fora todos os custos de transporte e estadia que vou ter”, conta o estudante que é natural de Avaré, Estado de São Paulo. 
Como estuda em período integral e não pode arrumar um emprego, Mattos conta com a ajuda dos pais para se manter no apartamento que divide com outro estudante da UTFPR.  “O dinheiro do mês é contado. O suficiente pra pagar as contas do mês, alimentação, aluguel, água, luz, internet”, comenta.

Unespar também
foi prejudicada
No campus da Unespar, em Apucarana, são três bolsas para iniciação científica, pois o campus ainda não possui programa de mestrado, doutorado e pós-doutorado. O professor Enrique Nuesch, chefe da divisão de pesquisa e pós-graduação do campus Apucarana, explica que o governo retirou as bolsas que estavam no período de transição para outros alunos.
“Por exemplo, quando um bolsista de doutorado defende a tese acontece uma espécie de hiato entre o momento em que ele larga a bolsa e outro assume. Esse hiato é chamado pelo governo de período ocioso. E o que o governo faz é recolher, ou em outros termos, cortar o que ele chama de bolsas ociosas”, explica.
Muitos programas perderam bolsas que foram retiradas dos programas de pós-graduação, afirma o professor que avalia a ausência de recursos como um evento catastrófico para as universidades em geral.
Em todo o pais, Capes vai deixar de oferecer cerca de 11 mil bolsas e não serão aceitos novos pesquisadores neste ano. Na semana passada, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) informou ter orçamento suficiente para garantir que o pagamento das bolsas referentes a agosto seja realizado até depois de amanhã, nas contas bancárias dos 79.538 bolsistas ativos. A verba para pagamentos a partir de setembro, porém, ainda não está garantida. 
“Garantiram o pagamento da bolsa correspondente ao mês de agosto que será recebido agora em setembro. E vai se pagar a bolsa correspondente ao trabalho de setembro, em outubro. Mas daí por diante não se tem certeza de nada”, reitera Nuesch. 
De acordo com o governo, a medida vai representar uma economia de R$ 37,8 milhões em 2019. Ainda segundo a Capes, as bolsas têm vida útil de 4 anos e a economia no período pode chegar a R$ 544 milhões.