OPINIÃO

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Crise econômica, moral e a criminalidade crescente

Da Redação

| Edição de 14 de fevereiro de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Reportagens sobre a escalada da violência, relatos sobre assaltos e furtos qualificados têm tomado cada vez mais espaço no noticiário local. Na manhã de anteontem, um homem a caminho do trabalho foi brutalmente espancado na Barra Funda. A suspeita, que ainda deve ser investigada pelos órgãos competentes, é que a violência brotou de um assalto. Ontem pela manhã, Sidimar Marques da Silva, 35 anos, não resistiu e morreu no Hospital da Providência.
Quem acompanha o noticiário vai puxando a memória e lembrando de outros casos. Do comerciante que foi baleado em uma tentativa de assalto na Vila Nova. Do outro, no Parque Industrial Norte, que viu um cliente ser morto por bandidos no ano passado. Das diversas famílias da zona rural que são são ameaçadas por longas horas quando as quadrilhas invadem os sítios em busca de defensivos agrícolas.
A evolução dos chamados crimes contra o patrimônio - nome técnico que envolve furtos e roubos a pessoas, veículos e estabelecimentos - não vem de agora. Segundo dados da Secretaria de Segurança do Paraná (Sesp), em todo ano de 2015, a área da 17ª Subdivisão Policial de Apucarana - que engloba os 26 municípios do Vale do Ivaí -, registrou 7.738 crimes contra o patrimônio, uma média de 645 por mês. O número, indica o relatório, foi 11% maior que todos os registros de 2014.
No ano passado, a tabulação da Sesp contabiliza apenas os registros de janeiro a setembro. Foram 6.458 ocorrências, uma alta de 15% em relação ao mesmo período do ano passado e uma média de 717 casos por mês.
Neste ano, ainda não há balanço oficial da Sesp - que contabiliza tanto os boletins de ocorrência registrados junto à Polícia Militar quanto pela Polícia Civil e não separa as informações por município, mas levamento feito pela Tribuna com base nos boletins de ocorrência da PM aponta que em janeiro, apenas na área de Apucarana foram 125 crimes contra o patrimônio.
É certo que esse avanço tem relação com o momento econômico do país. A crise tem seus efeitos em várias esferas da vida do cidadão e a criminalidade é uma delas.
A recente onda de furtos nos cemitérios exemplifica bem isso. Os jazigos são vandalizados para retirada das placas de bronze que são vendidas a um preço irrisório no mercado clandestino. Ninguém foi preso nos últimos meses por esses furtos, mas é possível, sem muita margem de dúvida traçar o perfil desses infratores: dependentes químicos em busca de dinheiro fácil para bancar seu vício. Muito mais criminoso que o sujeito que pula o muro do cemitério na madrugada é quem tira proveito dessa miséria e compra essas peças sem fazer perguntas. Essa é a face do problema do Brasil que precisa ser encarada. É a mesma face que escandalizou toda a nação na onda de saques no Espírito Santo e que mostra que a crise econômica veio junto com uma profunda crise de valores que parece tão ou mais difícil de superar que as questões de inflação, produção e mercado.