OPINIÃO

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Desordem e Regresso

Por Thiago Zardo, médico veterinário e poeta em Apucarana

| Edição de 22 de março de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O Brasil me enoja. O “jeitinho brasileiro” me enoja. Esse jeitinho de fazer tudo pela metade, tudo na base da “simpatia” e da gambiarra, esse jeitinho de achar uma forma pra resolver tudo na base do “empurrando com a barriga”, de cometer pequenos delitos e infrações cotidianas; de furar filas, de passar no sinal vermelho, de estacionar em vaga de deficientes, de venda voto, pagar propina, de achar que “achado não é roubado”, de jogar lixo no chão, de idolatrar políticos populistas que deveriam estar atrás das grades... Esse tal “jeitinho brasileiro” é o melhor retrato da nossa incompetência enquanto nação.

Os políticos brasileiros me enojam. Sempre transformando a política em um verdadeiro balcão de negócios digno de mercadores de pombos. Um verdadeiro balcão de negócios digno de fim de feira e com direito até a xepa! Cada qual só querendo vender seu peixe, legislar em causa própria e transformando a política em uma profissão de mercenários! Já disse certa vez o escritor Jonathan Swift, em Viagens de Gulliver: “Qualquer homem capaz de cultivar duas espigas de milho ou duas folhas de grama onde antes apenas uma crescia fará mais bem à humanidade do que toda a raça de políticos juntos.”

O Brasil realmente me enoja. Quando vejo a foto de uma mãe levar seus filhos para pedir autógrafo a um goleiro assassino tenho vontade de me suicidar! O STF me dá náuseas. Brasília me dá ânsia! As notícias sobre o Brasil me enojam!

Um país onde cobra-se a maior taxa tributária do planeta e não se recebe nem o mínimo razoável de prestação de serviço público como retorno; onde os homens de bem da sociedade vivem presos atrás das grades de seus condomínios, enquanto os marginais andam soltos, pois os “direitos humanos” só funcionam para os bandidos; onde um saco de feijão possui literal e literariamente mais peso que um livro; onde menores de idade são considerados incapazes de responder pelos seus atos, mas podem votar e assim escolher diretamente o futuro presidente da nação, ou seja, o futuro da nação. Onde pregam a filosofia irresponsável do elogio à ignorância e ao imbecilismo, onde pessoas ainda morrem de doenças do milênio passado como malária, tuberculosa e dengue... Onde a saúde publica está na UTI, a educação pública está reprovada, onde o transito está em parado. Um país assim não causa asco? Um país assim não causa revolta e vergonha? Nem me lembro qual foi a última vez que tive orgulho de ser brasileiro.

Um país como o Brasil se fosse realmente sério deveria ser interditado. Sim, interditado pra uma auditoria total! Aliás, se o Brasil fosse uma empresa em um país sério, nem conseguiria alvará para abrir as portas. Quem dera para funcionar regularmente! Porque aqui tudo funciona na base do “toma lá, dá cá”, da politicagem e do “jeitinho brasileiro”... Infelizmente, como sabemos que essa realidade provavelmente nunca será alterada, deveríamos pelo menos alterar a frase que estampa a nossa bandeira nacional. Já tenho até uma sugestiva sugestão: Desordem e Regresso.