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Dispara procura por vacina contra meningite

Da Redação

| Edição de 10 de março de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A divulgação da morte de Arthur Araújo Lula da Silva, de 7 anos, neto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrida no dia 1º de março, e do adolescente João Pedro Ferrari, 16 anos, que morreu no mesmo dia em Capanema, ambos vítimas de meningite meningocócica, causou uma corrida por vacinas contra a doença mas unidades básicas de saúde - que registram aumento de at[e 50% - e nas clínicas de imunização da região. 
Em Apucarana, as doses da meningocócica B e ACWY, disponíveis apenas na rede privada, se esgotaram em apenas 4 horas. Na sexta-feira, não havia vacinas disponíveis em nenhuma das clínicas particulares de Apucarana. Na rede privada, o imunizante varia entre R$ 300 e R$ 500. Segundo Andreia Nicoli, supervisora da Clínica Unimed, a dose da meningo B se esgotou rapidamente nesta semana. “Recebemos 70 doses e elas acabaram em apenas 4 horas. Já as ACWY que estavam em nosso estoque, mais preciosamente 52 vacinas, também se esgotaram na última quinta-feira”, explica Andreia, que acredita que a ‘corrida’ foi causada por conta dos casos recentes. “Apesar da grande procura, não temos uma data certa para a reposição dessas doses”, explica. Em outra clínica da rede particular de Apucarana, as vacinas meningo B e ACWY também estão em falta e sem previsão de chegada. 
A comoção em torno da doença também traz reflexos na rede pública de saúde. Segundo o coordenador do setor de epidemiologia em Apucarana, Luciano Pereira da Silva, a procura pela vacina meningo C, distribuída pelo SUS, aumentou consideravelmente nos últimos dias. “A procura pelas vacinas está grande em todas as UBS, pois as pessoas estão pensando que está acontecendo uma vacinação em massa”, complementa. 
Ainda segundo Luciano, a vacina meningo C está disponível para crianças de 3, 5 e 12 meses, além de ser um reforço para adolescentes de 11 anos a 14 anos. “Fora dessas idades, não há vacina”, conta. Em 2018, foi registrado um caso de meningite bacteriana em Apucarana, seis casos de meningite viral. Já neste ano, foram registrados dois casos: um de meningite viral e outro que ainda não foi identificado. As vacinas estão disponíveis em 23 UBS.
Em Arapongas, o secretário Municipal de Saúde, Moacir Paludetto Junior, destaca o aumento na procura acabou com os estoques nas 13 Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade.  “Com a repercussão dos casos do neto Lula e do adolescente de Capanema, a procura foi intensa nos últimos dias”, reforça. De acordo com Moacir, a reposição vai ocorrer nesta semana. 

CASOS ISOLADOS
Em Ivaiporã, segundo a enfermeira Nilza Fernandes, coordenadora de imunização do Departamento Municipal de Saúde, a procura por vacinas contra a meningite aumentou em torno de 50% em relação ao fluxo normal de vacinação. 
Nilza diz, que apesar da preocupação, não há motivos para pânico. “Não está tendo surto, apnas casos isolados como todos os anos têm. Aqui em Ivaiporã, por exemplo, em 2018 nos tivemos oito caso suspeitos de meningite, seis eram virais, um bacteriano. Nenhum caso evolui para óbito”. 
Ela relata ainda, que a maioria das pessoas que têm procurado os postos de vacinação estão em dia com as vacinas, principalmente por conta da exigência do Governo do Paraná, que no final do ano passado passou a exigir as declarações de imunização nas matriculas. 
Com relação às vacinas disponibilizadas pelo SUS, Nilza diz que existe estoque suficiente nos postos de vacinação do município. 

Doença é causada 
por vários agentes
O infectologista José Ruy, do Hospital da Providência de Apucarana, explica que a meningite é uma inflamação meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. A doença é causada por diversos agentes infecciosos, como bactérias, vírus e fungos. 
A meningite bacteriana, de acordo com o médico, trata-se da forma mais grave da enfermidade, sendo que várias bactérias podem provocá-la, como meningococo, pneumococo e grupo B. A incidência dos agentes causadores depende da faixa etária. Já a meningite meningogócica, José Ruy explica que é altamente contagiosa e de evolução rápida. 
Os meningococos, de acordo com o infectologista, são responsáveis por 30% dos casos de meningite em todo o mundo. “Existem outras bactérias que caindo na meninge podem causar meningite também. Se uma pessoa tive essa inflamação ela vai ter a doença, que vai gerar um dano cérebro e no próprio líquido ao redor do cérebro, aumentando a pressão intracraniana e sobreviver ou não à meningite. Existem casos que a bactéria não atinge o cérebro, mas cai na corrente sanguínea, causando septicemia”, explica. 
A transmissão, segundo o médico, acontece de pessoa para pessoa. “Tem pessoas que abrigam essa bactéria, mas não manifestam a doença. A transmissão acontece através da tosse, beijo e espirro”, completa. 
Sobre os sintomas, o infectologista cita a febre alta, dor de cabeça, vômitos, dor quando acontece a movimentação do pescoço. Já o tratamento, é feito dentro do hospital, com antibióticos. “É uma doença grave e que pode matar. A melhor forma é a prevenção”, comenta. 
Em 2018, o Paraná teve 1.601 casos de meningite dos mais variados tipos, com 108 mortes. Estes são dados preliminares, assim como os deste ano, quando ocorreram 144 casos com 14 mortes.