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Dois em cada 10 bebês nascem prematuros

Fernanda Neme

| Edição de 03 de dezembro de 2016 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A cada 10 crianças nascidas em Apucarana, duas ainda não completaram 37 semanas de gestação. O índice de prematuridade, segundo dados disponibilizados pelo Hospital da Providência Materno Infantil, chama a atenção para um problema que atinge 340 mil bebês todos os anos no Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 12% dos nascimentos no país são prematuros. 

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Em Apucarana, o índice é maior. De janeiro até outubro deste ano, no Hospital Materno Infantil, única maternidade de Apucarana e referência para gestação de alto risco, dos 2102 nascimentos, 443 foram prematuros. Ou seja, os nascimentos prematuros são cerca de 21% do total de nascimentos.
Para evitar a prematuridade, o ginecologista e obstetra do Hospital Materno Infantil, Sérgio Luiz Rigon Filho diz que é essencial que a futura mãe realize o pré-natal adequadamente, de modo que os fatores de risco possam ser identificados. “Cerca de 50% dos casos de trabalho de parto prematuro são de causa desconhecida”, explica.
Entre os fatores de risco mais comuns são idade materna menor que 18 anos ou acima de 35 anos, tabagismo, uso de drogas, gemelaridade, hipertensão arterial, histórico de trabalho de parto prematuro em gestações anteriores e infecções urinárias e do trato genital, entre outros.
De acordo com Rigon, o pré-natal identifica se a gestante se enquadra nos fatores de risco, trata possíveis alterações, como infecções que podem desencadear trabalho de parto prematuro, avalia as contrações uterinas e condições do colo uterino pelo exame ginecológico, e orienta as gestantes em relação aos sinais de risco e o momento adequado quando ela deve procurar o pronto socorro obstétrico.
O médico explica que o aumento da taxa de recém-nascidos prematuros nos últimos anos é decorrente da melhora do sistema de registro desses nascimentos, além do aumento da prevalência dos chamados prematuros eletivos, que são aquelas gestações nas quais, durante o pré-natal e/ou atendimento em maternidades, são identificadas alterações que determinam a antecipação do parto. “Não é um problema moderno”, garante.
Alguns sinais, como contrações uterinas frequentes e intensas antes de completar as 37 semanas de gestação, encurtamento do colo uterino identificado através do toque vaginal ou da ultrassonografia, perda de líquidos ou sangramento vaginal, são considerados de alerta pelo médico. “É importante que a mãe e o médico estejam atentos”, reforça.
A prematuridade é um fator de alerta, de acordo com o ginecologista, porque pode dar causa a várias sequelas como problemas de visão, anemia, déficit motor, atraso de desenvolvimento, dependência de oxigênio e maior chance de problemas pulmonares e intestinais.
A prematuridade e suas consequências, segundo o médico, é a principal causa de morbidade e mortalidade neonatal no país.

Gestação
de risco
O recém-nascido Fabrício, de 3 meses, filho de Lidiane Barbosa, 33 anos, e Fabrício Luís Carvalho, 33, de Apucarana, faz parte das estatísticas. O bebê nasceu de 32 semanas com 1 quilo e 820 gramas e precisou de atenção redobrada no nascimento.
Mãe, Lidiane, era paciente de risco. Quando resolveu engravidar, ela descobriu que tinha 9 miomas e vários cistos no útero. “Achei que nunca ia ser mãe”, recorda.
No entanto, com acompanhamento médico, ela conseguiu engravidar, mas quando chegou no 5º mês de gestação começaram a aparecer as complicações. Os médicos de Lidiane aplicaram vários medicamentos para tentar “segurar” o bebê”, mas ele chegou antes da hora. “Eu tinha muitas contrações e fiquei em repouso absoluto a partir deste período”, conta.
Quando completou 32 semanas, a bolsa amniótica estourou e o Fabrício nasceu prematuro. “Felizmente, o meu neném não ficou com nenhuma sequela, mas ficou alguns dias internados e usando sonda. É um milagre ele estar tão bem”, comemora