O Brasil é o quarto colocado em número de mortes no trânsito nas Américas, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O país está atrás apenas da República Dominicana, Belize e Venezuela. O Brasil registra, em média, 47 mil mortes no trânsito por ano. Os acidentes provocam algum tipo de sequela em 400 mil pessoas. O custo da violência do trânsito é alto. O Brasil gasta anualmente R$ 56 bilhões no atendimento às vítimas, segundo levantamento do Observatório Nacional de Segurança Viária. Com esse dinheiro, seria possível construir 28 mil escolas ou 1.800 hospitais.
Por isso, a importância do trânsito estar permanentemente no debate. Algo precisa ser feito para reduzir o número de acidentes. As soluções para o problema, segundo especialistas, envolvem mudanças estruturais – como a melhoria das estradas, ruas e calçadas -, maior fiscalização e ampliação dos investimentos em educação e formação dos condutores. Apenas a união dessas medidas pode trazer resultados positivos.
Nesta semana, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) aprovou uma resolução que envolve a formação dos condutores. Uma série de mudanças será instituída a partir de junho. A alteração mais significativa é a obrigatoriedade de um curso e exame teórico para a renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). De acordo com a nova norma, os motoristas que precisarem renovar as suas habilitações deverão fazer um novo curso teórico, de 10 horas de duração, e realizar uma prova na Ciretran mais próxima. As exigências em vigor, os testes de aptidão física e mental, foram mantidas.
Essa mudança anunciada pelo Contran é positiva diante do quadro de desrespeito dos motoristas em relação às normas de trânsito. Ao tornar obrigatório o curso, o condutor irá rever alguns conteúdos teóricos e também atualizar o conhecimento quanto às mudanças nas leis de trânsito. A legislação sofreu algumas mudanças importantes nos últimos anos.
No entanto, é claro, essa resolução não irá resolver por si só o problema do trânsito. O tripé engenharia, educação e fiscalização é fundamental para mudar esse panorama. Inúmeras vidas são ceifadas diariamente por conta da imprudência dos motoristas, principalmente. Por isso, a educação é o pilar mais importante. Enquanto os condutores não adotarem uma postura mais ética e respeitosa, o quadro dificilmente se alterará. Diante desse cenário de guerra no trânsito, no entanto, qualquer mudança que venha colaborar com o aperfeiçoamento dos motoristas, como é o caso desses cursos teóricos, é bem-vinda.