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Em 5 anos, câncer de mama fez 159 vítimas

CINDY SANTOS

| Edição de 16 de outubro de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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De 2015 até o momento, o câncer de mama foi responsável pela morte de 159 mulheres na região. Dados da 16ª Regional de Saúde (RS) revelam que 2018 foi o ano com maior número de casos, 40 óbitos. Atualmente a Unidade de Tratamento do Câncer, do Hospital da Providência de Apucarana, atende cerca de 400 pacientes em tratamento, sendo que 41% dos casos foram diagnosticados em estágio avançado.

O médico mastologista Ribamar Maroneze, considera o índice muito alto e ressalta a importância do diagnóstico precoce e do rápido acesso ao tratamento.  “O diagnóstico precoce consiste em descobrir a doença antes de ela ser palpável. Assim a chance de cura é muito maior. Então, a mulher tem que ser diagnosticada na fase assintomática. Porém, infelizmente em todo Brasil, 70% das mulheres descobriram a doença porque sentiram o nódulo, ou seja, em estágio avançado”, afirma. 
De acordo com o especialista, a taxa de mortalidade ainda é crescente em todo o Brasil, mesmo com avanços na medicina, com novos tratamentos e técnicas cirúrgicas. “Como o número de casos é grande, a taxa de mortalidade se justifica devido a isso. Claro que só isso não é uma justificativa plausível. A gente tem que saber o que pode estar contribuindo. Porém, as mulheres procuram assistência estão mais interessadas na prevenção e diagnostico precoce. Claro que ainda tem a parcela que negligencia”, analisa.
Segundo o médico, dados da Unidade de Tratamento do Câncer também mostram que um terço dos casos da região foram diagnosticados entre dos 40 aos 50 anos o que mostra a necessidade de realizar a mamografia anualmente após os 40 anos. “Esse é o perfil da nossa região e é mais um motivo para fazer a mamografia uma vez por ano”, ressalta. 
Maroneze lamenta que muitas mulheres tenham medo da mamografia por acreditarem que o exame causa câncer. “Essa fake news foi totalmente desmentido por entidades de peso como a Sociedade Brasileira de Mastologia”, afirma. 
Estudo divulgado pelo Instituto Nacional do Câncer mostra que a doença é a que mais mata mulheres no país e aponta que os hábitos pouco saudáveis podem aumentar os riscos de câncer de mama. De acordo com Maroneze a doença é multifatorial, mas a maioria está relacionada ao estilo de vida moderno e industrial. “Por isso a doença é mais frequente nas regiões mais ricas do que nas sociedades mais pobres”, comenta.
Sedentarismo, alimentação industrializada e estresse estão entre os principais fatores de risco. “A sociedade moderna e mais evoluída traz essas consequências”, reitera.
Com tantos fatores de risco, o médico reitera a importância de realizar o autoexame, ter um médico de confiança, estar sempre atenta as mudanças na mama e fazer a mamografia anualmente para detectar o problema a tempo. 

“É muito importante estar atento com a saúde”, aconselha paciente
A assistente financeira Luciana Massambani Ruthes Miquelão 45 anos descreve que a vida deu uma volta após ser diagnosticada com câncer de mama, em janeiro deste ano. A doença surgiu em um momento em que ela se recuperava de uma fase difícil e planejava viajar para o Estado de Rondônia com o filho de 10 anos e o marido. “Havia acabado de sair de uma fase emocional complicada e estava com esperança de viver coisas boas. Mas eu acho que Deus permite certas coisas para fazer a gente dar mais valor à vida”, diz. 
Foi durante o banho que ela percebeu um caroço na mama direita e marcou consulta médica imediatamente. “A princípio a médica não suspeitou de câncer, mas no primeiro ultrassom já deu alterado e doutora me encaminhou para a unidade de oncologia”, conta. 
Após a confirmação da doença, Luciana se preparou para a mastectomia e em abril retirou toda mama. “Não foi fácil tomar essa decisão, ainda mais porque não tinha metástase. Eu sempre fiz exames anualmente. Há 10 meses estava tudo certo”, comenta. 
Depois da cirurgia, Luciana precisou passar por sessões de quimioterapia e agora irá consultar com outro especialista para saber se é necessário passar por radioterapia. “O conselho que eu dou, não só para as mulheres, mas para todos é que se perceber algo estranho com seu corpo vá imediatamente ao médico. É muito importante estar atento com a saúde”, aconselha.