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ENEM NA PANDEMIA

SÍLVIA VILARINHO APUCARANA

| Edição de 14 de maio de 2020 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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As inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 começaram na segunda-feira (11) e vão até o dia 22 de maio. Mas a manutenção do calendário das provas, marcadas novembro, vem gerando uma grande preocupação entre professores e estudantes. Sem aulas presenciais desde março por conta da pandemia do coronavírus, estudantes temem que o desempenho na prova reflita essas dificuldades. 

A apucaranense Rafaela de Oliveira, 18 anos, sonha em cursar medicina e vai prestar seu segundo Enem. A jovem está fazendo um cursinho preparatório, mas mesmo assim está preocupada, não somente com o próprio desempenho, mas também com os candidatos que não tiveram acesso às aulas. “Eu estudei a vida toda em escola pública. Agora estou em um cursinho, mas é um ano de grande dificuldade, de muita preocupação. Eu que estudo em cursinho tenho aulas online ao vivo, com correção, redação e está sendo difícil. Imagine as pessoas que não têm recursos para estudar para o Enem”, disse a estudante.
Nicole Moreira é vestibulanda do curso de arquitetura e urbanismo e vai participar do Enem pela quarta vez. Ela defende que a prova deve ser adiada. “Somente no ano passado comecei a estudar em escola particular e a diferença do ensino é enorme. Estamos tendo aulas com online com os professores que estão disponíveis o tempo todo para tirar nossas dúvidas. Sei que os alunos da rede pública estão tendo dificuldades para acompanhar as videoaulas, muitos não têm acesso à internet e, infelizmente, essa é uma realidade”, ressalta. 
Professor há 12 anos e coordenador de cursinho, Guilherme Bomba destaca que além da questão das aulas presenciais, a pandemia afetou o psicológico dos alunos. “É um ano complicado. Sabemos que o afastamento é necessário, mas o impacto na vida dos candidatos ao Enem é muito grande. Percebo como isso tem afetado a vida dos alunos. Temos suporte, aulas ao vivo, simulados, videoaulas, mas psicologicamente vemos o efeito na vida deles”, comenta o professor, que critica a manutenção da prova. “A minha maior preocupação, como sou educador que acredita na educação, não posso fechar os olhos para aqueles que não tem a mesma estrutura”, destaca.
O educador ainda lembrou dos problemas com a correção de algumas questões no ano passado. Para ele, se acontecer de novo, a situação dos candidatos vai ficar ainda mais complicada. “Esse ano tem a novidade do Enem digital, mas não sabemos como serão aplicadas as provas, se serão usados computadores das instituições ou tablets específicos. As provas digitais vão bater com alguns vestibulares. Então o Enem esse ano é uma incógnita ainda para gente”, finaliza