OPINIÃO

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Época de colheita e caça

Por Rogério Ribeiro, economista, professor universitário e vice-presidente para assuntos de controle social do Observatório Social de Apucarana

| Edição de 12 de agosto de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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É época de colheita. De colheita de votos. Após uma entressafra em que a maioria de nossos políticos nada fez para a sociedade, ficando defendendo somente os interesses de grupos de interesses de minorias privilegiadas, agora eles começam a enxergar a massa populacional existente e vem em busca dos votos.

Também podemos dizer que a temporada de caça está aberta e os caçadores, os políticos, irão atrás das caças, os eleitores, para conseguir os seus votos. Como bons caçadores não deixarão de lado as armadilhas, ferramentas e armas para conseguir os seus intentos.
O comércio está vendendo pouco, a atividade industrial está se comportando timidamente, a inflação está alta, o crescimento da economia é baixo, nossa balança comercial tende a reduzir o seu saldo nos próximos anos, a dívida do setor público está crescendo de forma intensa, as contas públicas estão totalmente desequilibradas e tendendo a piorar e continuamos com um volume extremamente alto de desempregados em nosso país.
Os brasileiros estão sofrendo com a violência, com o desemprego, com a baixa qualidade da educação pública, com a falta de medicamentos e médicos nos postos de saúde e com a demora em conseguir atendimento médico especializado. A renda média do trabalhador é baixa e as expectativas de termos uma vida melhor, no médio prazo, são muito pequenas.
Mas como num passe de mágica os candidatos que se apresentarão para o pleito deste ano trarão em seus discursos e propostas de campanha as soluções para todos estes problemas. Pura bobagem. O que eles querem é o voto do povo, e nada mais. Nada farão de diferente, se eleitos, do que já fazem agora. São poucos os políticos que se preocupam em prestar contas de seus mandatos, apresentar o que fizeram, o que estão fazendo e como se posicionam frente aos imensos desafios que os governos municipais, estaduais e federal tem para equilibrar suas finanças e dar conta de atender a população.
Entretanto, não basta o político fazer reuniões para prestar contas de seu mandato somente às vésperas das eleições. Isto tem que ser um processo contínuo. Todos sabem que eles só querem o nosso voto. Tudo bem, mas a sociedade precisa de ações políticas que tragam esperança e confiança e neste ponto os brasileiros andam muito céticos. Sabem que as promessas de campanhas não serão cumpridas na totalidade, mas os políticos poderiam se empenhar um pouco para cumprir pelo menos parte delas.
O primeiro debate entre os presidenciáveis demonstrou que eles não sabem o que fazer. Não possuem propostas factíveis. Fazem somente promessas para tentar conquistar a simpatia dos eleitores. O mesmo farão os candidatos a senadores, deputados federais, governadores e deputados estaduais. Muitos poucos fizeram, fazem e farão algumas coisas em prol da população.
E não são somente estes cargos que possuem tais comportamentos de seus candidatos. Vejam os eleitos a vereadores e prefeitos da última eleição. Analisem as suas propostas e confiram se eles cumpriram metade do que prometeram. Irão se surpreender: quase nada fizeram. Mas nas próximas eleições eles entrarão em período de colheita ou em temporada de caça. Repetirão as mesmas promessas da última eleição e conseguirão os votos da população. 
Todos sabem que é assim que funcionam as coisas e não conseguimos mudar isto. No final das contas os eleitos são os mesmos. Mas a sociedade tem que dar uma “virada de mesa” e começar a exigir o cumprimento das promessas e compromissos de campanha. Não tem problemas os mesmos políticos se reelegerem, desde que atendam de forma satisfatória o conjunto da sociedade e não somente parte dela.