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Erradicação do analfabetismo é desafio

Ivan Maldonado

| Edição de 12 de outubro de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Erradicar o analfabetismo absoluto é a meta a ser cumprida pelo municípios até 2024. Ou seja, até o final do Plano Nacional de Educação (PNE), todos os brasileiros acima de 15 anos devem ler e escrever. Esse será um desafio para os municípios da região, já que a taxa de não alfabetizados conforme os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, é 10,72% da população com idade acima de 15 anos (ver tabela).

Imagem ilustrativa da imagem Erradicação do analfabetismo é desafio


Em Ivaiporã, para zerar a taxa de 9,76% de não alfabetizados para essa faixa etária, a Prefeitura mantém o programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) em três escolas municipais, Carlos Lacerda, Bento Viana e Ignez de Souza Caetano.
Segundo a secretária de educação Rose Sirço, nos últimos sete anos, as três escolas formaram na primeira etapa dos ensinos iniciais (1ª e 2ª séries) 420 alunos. Na segunda etapa, que corresponde da 3ª a 5ª série, foram formados 228 alunos. Ela explica que a Secretaria de Educação oferta todas as condições de infraestrutura nas escolas e não economiza esforços para que o trabalho dos professores resulte em qualidade, garantindo o sucesso no aprendizado dos alunos.
“O programa é uma oportunidade das pessoas que não tiveram a chance de serem alfabetizadas na idade regular adquirirem os conhecimentos de leitura e escrita. Nossa meta é tornar Ivaiporã um território livre do analfabetismo e acreditamos que vamos conseguir”, assinala Rose Sirço.
Na escola Ignez de Souza Caetano, o professor Alessandro Alves Machado relata que todos seus alunos tem idade acima de 35 anos. “Muitos se sentiam desmotivados por não saber ler e escrever. Com o programa, percebemos um entusiasmo maior. Estamos proporcionando uma chance de mudança na vida dessas pessoas”, acredita.
Ainda segundo o professor, o diferencial dessas classes em comparação com alunos mais jovem é a vontade de aprender. 
“Eles têm muita vontade de aprender e gostam de estudar. Dificilmente eles faltam nas aulas, somente em casos de doença, uma reza na Igreja ou uma chuva muito forte. É muito bom trabalhar com esse pessoal, pelo compromisso que eles tem e a vivência que trazem é gratificante”, enfatiza Alessandro. 
Analfabetismo absoluto designa a condição daqueles que não sabem ler e escreve. Já  analfabetismo funcional é utilizado para designar um meio termo entre o analfabetismo absoluto e o domínio pleno e versátil da leitura e da escrita. 

Aprendizado influencia na vida social dos alunos
Valacir Maria Santos Silva, 59 anos está há cinco anos frequentando as aulas do EJA.  Ela morou toda a vida no campo e relata que nunca teve oportunidade de estudar. Durante a infância, a escola mais próxima ficava a 40 quilômetros. “Daí a gente não ia. Aos sete anos já trabalhava na roça, limpava os troncos de café, fazia comida, ajudava em tudo. Casei com 14 anos, só agora que os (cinco) filhos casaram que estou começando a aprender”, relata.
Agora que já aprendeu a ler e escrever, Valacir diz que quer ir além. “É um pouco difícil, já que a cabeça não ajuda mais. Eu agora leio devagarzinho e estou muito feliz, mas quero ler correto mesmo, que nem vocês”, enfatiza Valacir. 
Com 67 anos e mãe de onze filhos, Josefa Martins dos Santos de Oliveira, só começou a estudar há quatro anos. “Sofri demais, só pude criar meus filhos debaixo do cabo de enxada, nunca tive tempo de estudar”, comenta. 
Para Josefa, a escola além de ensinar a ler e escrever está possibilitando uma vida social. “Eu era muito ‘caipirona’, agora os caminhos estão se abrindo mais. Tinha vergonha de conversar com as pessoas, agora entendo mais, comecei a participar da turma da terceira idade e estou muito feliz”, comemora Josefa. 
Para o casal Josibel, 35 anos, e Natalino de Souza, 45, que estão no segundo casamento, a satisfação maior é ter os filhos ajudando no aprendizado. “Nós ensinamos eles as coisas da vida, agora eles nos ajudam na escola”. Nesta semana, o filho de Natalino, Gabriel, 12 anos acompanhava o casal na sala de aula. A menina Vitoria, 10 anos, filha de Josibel também costuma comparecer na escola para ajudar os pais.