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Frango de corte mira mercado da China

Aline Andrade

| Edição de 29 de setembro de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A habilitação de mais duas empresas frigoríficas da região para exportação de carne de frango para a China, anunciada no início do mês, promete favorecer a produção local. Ao todo, quatro novas empresas foram habilitadas no estado, duas delas na região: uma em Mandaguari e outra em Rolândia. Produtores de frango de corte, hoje a principal atividade econômica de vários municípios da região,  estão otimistas com a novidade. Para economista, a abertura deste novo mercado deve aquecer a economia do setor.

Imagem ilustrativa da imagem Frango de corte mira mercado da China

José Paulo Voltareli tem granjas em Califórnia e vende frango de corte para cooperativas em Rolândia. Para ele, a habilitação das empresas da região para exportação deve trazer novo fôlego aos negócios. “Estamos trabalhando há pelo menos 3 anos no vermelho, desde que a operação ‘carne fraca’ começou. Nossa rentabilidade caiu muito e as exportações praticamente pararam. Agora com as exportações acontecendo, nossa expectativa é produzir mais, vender mais e recuperar a rentabilidade do negócio”, conta.
Voltareli explica que uma das principais dificuldades da produção hoje é justamente a comercialização. “No mercado interno a oferta é maior que a demanda, o produto acaba ficando estagnado. Com a abertura do mercado para exportação, podemos voltar a produzir mais e melhor”, afirma.
Valter Martins é produtor de frangos em Apucarana. Ele também ficou animado com as notícias de abertura do mercado para exportação. “Vai melhorar para nós produtores porque aumenta a demanda. Com mais lotes vendidos, nossa renda também aumenta. Espero conseguir exportar meu produto e cobrir as despesas de investimentos que tenho feito. Para nós produtores, não tem nada melhor que exportação”, afirma.
De acordo com o economista Rogério Ribeiro, o mercado de exportação de frango desse ano está representando um valor significativo na pauta de exportação brasileira e a China é o principal destino, que representa em média 17% dos destinos da exportação de carne de frango neste ano. “A notícia é ótima, é mais um mercado para empresas locais e para os produtores da região, dado o alto grau de verticalização e integração da cadeia produtiva da avicultura de corte, é um mercado que também andou em crise nos últimos anos e abertura deste novo mercado deve aquecer o setor e animar os produtores avícolas a aumentar a capacidade de produção e, consequentemente, aumentar a renda a partir de um nível de atividade maior”, afirma o economista.
Ribeiro explica que o mercado está em expansão, embora a economia brasileira não esteja crescendo de forma vigorosa, o crescimento das exportações de frango comparado com o desempenho do ano passado, está sendo bem maior, crescendo algo em torno de 9% em relação ao mesmo período de exportações do ano passado. “A nossa economia vai crescer pouco este ano, há uma expectativa de 2% para o ano que vem, e a economia mundial, principalmente a chinesa, cresce de forma vigorosa, então é uma notícia muito boa tanto para os frigoríficos quanto para os produtores locais, que vão poder retomar o nível de atividade que esteve em baixa nos últimos anos”, pondera. 

Paraná é líder de exportações
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Paraná foi responsável por aproximadamente metade do volume exportado de carne de frango, pelo Brasil, para a China no mês de agosto (48%), com cerca de 18,1 mil toneladas da proteína enviadas pelos nove frigoríficos já habilitados até então.
Ainda segundo a secretaria, o estado foi responsável por aproximadamente 51% das exportações avícolas nacionais para a China no acumulado do ano, até agosto, com 176,5 mil toneladas, registrando um crescimento de 55,8% em comparação ao mesmo período de 2018, quando 113,2 mil toneladas foram embarcadas.
Segundo o do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) as novas habilitações são resultado de um trabalho conjunto da avicultura do estado, que tem como foco a abertura contínua de mercados para seu produto. “As indústrias avícolas paranaenses já possuem estrutura e qualidade para atender a todo o mundo, isso porque já destinam sua produção para 160 países. Sendo assim, a busca por habilitações continuará, incluindo outros destinos”, ressalta o presidente do Sindiavipar, Domingos Martins. Ele destaca também o investimento frequente das empresas, que aperfeiçoam cada vez mais a eficiência e qualidade de suas produções.