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‘FURANDO’ A QUARENTENA

Da Redação

| Edição de 09 de julho de 2020 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Um em cada quatro pacientes com Covid-19 ou suspeita da doença, desrespeita o isolamento domiciliar em Apucarana. Levantamento do setor de monitoramento da Autarquia Municipal de Saúde (AMS) revela que só ontem, 50 pacientes não foram encontrados em casa, o que representa 25% ante as 200 pessoas agendadas para acompanhamento. No momento, 409 moradores com coronavírus ou com suspeita estão sendo ‘fiscalizados’ por enfermeiros da AMS. Mais de 1,8 mil pessoas já passaram pela monitoração desde 20 de março, quando o Pronto Atendimento do Coronavírus (PAC) foi criado no município. 
De acordo com a enfermeira Adriana Vieira da Costa, cerca de 20 profissionais de saúde estão encarregados da monitoração, feita por telefone. Nos casos em que os pacientes têm mais de 60 anos e têm doenças associadas, o acompanhamento é diário. Nos demais casos, as ligações são realizadas a cada dois dias. 
Adriana conta que nos fins de semana é ainda mais difícil encontrar os pacientes. “Ligamos até alguém atender. Quando não conseguimos falar com o paciente, acionamos a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima e algum agente vai até a casa verificar. Em último caso, acionamos a Vigilância Epidemiológica para tomar as providências necessárias”, explica. 
Chefe da 16ª Regional de Saúde Altimar Carletto, lamenta que as pessoas estejam desrespeitando as recomendações, furando a quarentena. Para ele, este tipo de atitude é desumana e totalmente irresponsável. “Algumas pessoas têm bastante responsabilidade e infelizmente outras não. Essas pessoas que deveriam estar isoladas em casa, e se aproveitam de alguma brecha para se expor, são também criminosas, pois estão atentando contra a saúde de outras pessoas. Uma pessoa dessa pode até ser enquadrada por atentado contra a saúde pública”, afirma. 
O médico pede que a população registre denúncias na Autarquia Municipal de Saúde para que as providências sejam tomadas. “A partir do ato irresponsável de alguém, é possível até provocar uma morte. Esse tipo de conduta é abominável e precisa ser denunciada ao setor”, reitera. 

Profissionais relatam hostilidade de pacientes 

Além de atuarem na linha de frente no combate ao coronavírus, muitos profissionais que fiscalizam a população passam por situações constrangedoras e até hostis. Em maio, servidores públicos foram intimidados com ameaças graves em uma tabacaria da cidade. No setor de monitoramento da AMS, uma enfermeira foi desrespeitada por um paciente com suspeita de Covid-19. 
“Liguei só para orientar e ele disse que já estava bem, que não precisava de cuidados. Ele foi muito grosso e ríspido. Tentei explicar a situação e, não aceitando a orientação de isolamento, me mandou tomar no c***. Desejei melhoras a ele”, relata Maria Aparecida Moreira das Neves. 
Diante destas situações, Maria afirma que sempre mantém o controle e não leva para o lado pessoal, buscando sempre executar seu trabalho da melhor maneira. “A gente faz esse monitoramento para ter controle dos pacientes, saber se estão evoluindo bem. É uma forma de proteger as pessoas”, assinala. 
A enfermeira Adriana Vieira da Costa acredita que o isolamento pode afetar o psicológico de algumas pessoas, causando episódios de estresse. “Algumas pessoas acabam ficando deprimidas. Por isso a nossa conversa e escuta é muito importante. Quando observamos que o paciente precisa de um apoio psicológico, a gente passa para equipe de psicólogos”, diz. 
As enfermeiras da autarquia asseguram que são casos pontuais, que a maioria das pessoas monitoradas são gratas pelo serviço prestado pelos profissionais de saúde.