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Geada coloca agricultores em alerta

Silvia Vilarinho

| Edição de 06 de julho de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Mais uma vez os agricultores de Apucarana e região estão em alerta para as geadas. O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) confirmam o risco de geadas com potencial de causar danos às lavouras paranaenses nas madrugadas de hoje (06) e domingo (07).

Imagem ilustrativa da imagem Geada coloca agricultores em alerta


Segundo Nelson Harger, diretor técnico da Emater de Apucarana, os produtores, principalmente de café, que é uma cultura mais sensível ao frio, foram orientados em relação aos cuidados para tentar proteger a lavoura e que a geada deve ser severa nas regiões tradicionais do Estado.
“A nossa expectativa é saber a intensidade dessa geada em nossa região, só a partir de hoje, saberemos o nível de extensão das geadas e quais os danos. Essa frente fria gera uma preocupação grande no setor de produção, ainda mais para os setores mais sensíveis, como as hortaliças e cafeicultura.  Nós da Emater possuímos o alerta geada e repassamos todas as recomendações necessárias” explica Nelson. 
Mauro Machado tem 57 anos, contou que sempre trabalhou na lavoura e já sofreu grandes prejuízos, ele lembra das fortes geadas, como a de 1975 que queimou praticamente toda a plantação de café no Paraná.  
O agricultor plantou cinco mil mudas há dois meses e com a plantação ainda pequena, ele teme o que pode acontecer, mas diz que desde 2013 não é atingido por geadas fortes. “Não consegui proteger, enterrar minhas mudas, pois não dou conta já que sou somente eu e minha esposa na lavoura. Estamos preocupados, mas estamos protegidos por Deus e minha fé é muito grande  de que não seremos prejudicados”, ressalta Mauro. 
Outro cafeicultor Mauro Sato, de 64 anos, comenta que considera inviável economicamente proteger a plantação. A recomendação para os plantios novos de café é enterrar as mudas. Nas lavouras maiores, a orientação é amontoar terra no tronco das plantas.
Como já está com parte da safra cheia, torce para que a geada venha em baixa intensidade. “Acredito que a geada deve ser mais forte em áreas de baixadas e a minha plantação está em terreno alto, então espero que não queime tanto”, detalha. 
Sato que já recebeu prêmios de qualidade, trabalha com uma cultura de café, conhecida como ‘gourmet’, contou que exporta os grãos até para a Itália. Ele avaliou que as geadas dos últimos anos, por sorte, não foram tão fortes. “A última geada forte que peguei foi em 2013, nessa época, queimou, sapecou o café. Em 2014 consegui colher um pouco, mas sofri muito pela seca. Para esse ano, sabemos das previsões das geadas e espero não ter prejuízo”, diz. 

RISCOS
Para Adriano Nunomura técnico do Departamento de Economia Rural, Deral Apucarana, a intensidade das geadas a princípio não seria tão grande, não afetando a safra “Hoje os grãos estão em fase de maturação, o que pode acontecer é afetar, queimar as plantas, mais novas e causar prejuízos para as próximas safras. A maioria dos produtores não planta mais café em baixadas, o que já ajuda também na proteção”, relata.
O técnico ressalta que a geada deve comprometer as folhas, que são as mais sensíveis. “As hortaliças com a geada sofrem muito. Já o trigo está em estado mais adiantado, se tivesse na fase leitosa teria riscos de congelar e gerar um grande prejuízo. Não devemos ter problemas com o trigo, pois ele já está secando, mesmo geando não teremos problemas de estragar”.