OPINIÃO

min de leitura - #

Golpe contra a educação

​Por José Antônio de Oliveira, professor de filosofia, advogado e membro da diretoria da APP

| Edição de 17 de dezembro de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

Fique por dentro do que acontece em Apucarana, Arapongas e região, assine a Tribuna do Norte.

O golpe que está em pleno curso configura-se situação desastrosa para aqueles e aquelas de estão comprometidos(as) com a educação enquanto profissionais. Pois, percebemos o encolhimento de recursos financeiros orçamentados para os próximos anos e não há outra interpretação senão aquela do descaso, do deboche, da ignorância e da falta de comprometimento de nossas autoridades políticas. Para além disso, na intenção de jogar uma cortina de fumaça no reais problemas da educação, criam-se polêmicas e debates inexistentes ou irrelevantes como, por exemplo, a falácia da doutrinação em sala de aula.

Como se o cerne do problema da educação não fosse falta de recursos humanos, materiais e financeiros. Como se o retrocesso da educação não fosse a falta de valorização moral e financeira da referida profissão. Desta forma, o golpe em curso vai se consolidando com medidas legais sendo aprovadas em desfavor da realidade da escola, como por exemplo EC 95 congelando os investimentos em educação e saúde, debate da “Escola sem Partido”, ou seja, lei da mordaça, a suspeição de professores(as), além da pulverização de retirada de direitos duramente conquistados historicamente.
Neste contexto de enfrentamento, onde encontra-se evidenciada duros ataques contra direitos trabalhistas, trabalhadores(as) da educação deve buscar fortalecimento e organização em sua luta, formação e conhecimento para o debate, além de manter um discurso meticulosamente coerente com a sua prática de vida. Isso se faz necessário porque nossa sociedade não acertou as contas com o passado, ou seja, “abolimos” a escravidão, “encerramos” a ditadura militar, aprovamos a CF de 1988, todavia, temos ainda reações saudosistas, lembranças de uma infância censurada (“o governo dos militares era bom porque isso não acontecia; era rígido...”, saudade de uma educação amorfa ( “na minha época tinha disciplina na escola, não era essa baderna que é hoje...”) dentre outras expressões enraizadas que nada mais são do que fruto de um sistema educacional doutrinário e manipulador da crítica e de consciências. Isso posto, é razoável concluir que o trabalhador(a), possui uma árdua tarefa na sociedade hodierna, qual seja, demonstrar firmeza, coerência e verdade em sua fala e atitudes, com o intuito de lograr uma reorientação de conceitos como trabalho, consciência de classe, alienação, exploração, manipulação e solidariedade. Ademais, a manutenção da mobilização por meio de entidades de classe organizada e sindicatos (demônios dos liberopatas) não é senão imprescindível para que isso aconteça.