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Gravidez precoce preocupa setor de saúde

Renan Vallim

| Edição de 16 de janeiro de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Os municípios na área da 16ª Regional de Saúde (RS) de Apucarana registraram 34 gestantes entre 10 e 14 anos em 2017. A idade precoce das futuras mães faz com que o órgão estabeleça uma rede de atenção e acompanhamento, tendo em vista que estas gestações apresentam mais riscos. Apesar disto, os problemas sociais destas adolescentes que se transformam em mães são dificilmente revertidos.

Das 34 gestantes na faixa etária citada contabilizadas pela 16ª RS, uma tinha 12 anos. As outras se dividiam entre 13 e 14 anos. Em Apucarana, foram registradas nove grávidas nessa faixa etária. Em Arapongas, sete. Bom Sucesso teve cinco casos, um a mais do que Faxinal. Com dois casos estão Cambira e São Pedro do Ivaí. Já os municípios de Califórnia, Marumbi, Mauá da Serra, Rio Bom e Sabáudia registraram um caso cada.
O número pode ser ínfimo em relação ao total geral de gestações nos municípios - no ano passado foram registrados 4,9 mil nascimentos na região -, mas revelam uma realidade preocupante. “São crianças e adolescentes que ainda estão com o corpo em formação e não estão preparadas para gerar uma vida. Garotas que deveriam estar focadas no estudo e agora são forçadas a amadurecer precocemente. É uma mudança total na vida delas e, sem dúvida, muito traumática. Além do mais, a maioria dos casos são de meninas já com condições sociais muito difíceis, agravando ainda mais a situação”, afirma Clara Ilza Lemes de Oliveira, chefe da 16ª RS.
Apesar de não terem as gestações classificadas como Alto Risco apenas por serem adolescentes, todas elas são acompanhadas pelos Ambulatórios de Gestação de Alto Risco existentes na região. Existem três na área da 16ª RS: um em Arapongas, no Centro Integrado de Saúde da Mulher (Cisam), e dois em Apucarana, sendo um na Casa da Gestante e outro no Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Ivaí e Região (Cisvir).
“Temos trabalhado também, junto aos municípios, em parceria com a Educação, buscando orientar desde cedo os adolescentes e jovens quanto ao uso de contraceptivos, práticas saudáveis e demais dicas. Acredito que só a educação pode fazer com que estes casos deixem de acontecer. Existem meios gratuitos de contracepção, distribuídos pelo SUS, mas muitas pessoas não fazem ideia”, lembra Clara.
Uma das gestantes em Apucarana tem 13 anos e mora no Conjunto Residencial Jaçanã, região oeste. Órfã, ela mora com a irmã, de 20 anos, que já tem um filho de três anos. “Foi uma surpresa para mim quando descobri a gravidez. Um baque. Ainda estou entendendo aos poucos o que está acontecendo”, afirma ela, grávida de dois meses.
Ela afirma que recebe ajuda da sogra e do pai da criança, que ela preferiu não revelar a idade. “Só quero dar o melhor para o meu filho quando ele nascer. Também pretendo continuar estudando para dar um bom futuro para ele”, diz.
No Brasil, grávidas entre 10 e 14 anos têm a pior cobertura de pré-natal, segundo dados do Ministério da Saúde. Esta situação acarreta em índices abaixo da média na maioria dos quesitos analisados. São 15,1 óbitos fetais a cada mil nascidos vivos, sendo a média geral de 10,9. O índice de bebês com peso de até 2,5 quilos, considerado baixo, é de 13,7%, perante os 8,4% de média nacional..