Dois terrenos abandonados que juntavam apenas mato nos conjuntos habitacionais Arapongas III e Piacenza agora abrigam couve, cebolinha, alface, entre outros alimentos. O plantio de mais de 30 espécies diferentes de legumes, verdura e frutas começou há cerca de 5 meses e vem motivando moradores da região em um projeto piloto que já vem dando resultados, até na saúde dos moradores.
Em abril, a vendedora Fátima Aparecida de Abreu, 37 anos, assumiu o cargo de coordenadora da horta do Arapongas III, onde vive há dois anos com a família.
Ela sofre de depressão, problema que se desencadeou após um acidente de moto em agosto do ano passado, e com o trabalho na horta e interação com os vizinhos, a doença melhorou consideravelmente. “Morei durante anos em sítio e aqui, lidando com terra e plantas, consigo me sentir bem e lembrar da infância. A horta me ajudou demais”, conta.
Fátima conta com ajuda de mais cinco moradores e juntos plantaram alface, couve-flor, couve, fruta do conde, manga, pitanga, jabuticaba, entre outras. “A gente começou há pouco tempo e ainda não decidimos o que fazer, mas provavelmente vamos arrecadar um dinheiro mensal para a manutenção da horta. Estamos muito animados com esse projeto. Não vejo a hora de experimentar os alimentos”, comemora.
Em cerca de mil metros quadrados, as hortas comunitárias fazem parte do projeto Moradia Urbana com Tecnologia Social, parceria entre os moradores e a Fundação Banco do Brasil, com apoio da Secretaria do Meio Ambiente de Arapongas. Os espaços foram cedidos pela prefeitura de Arapongas e os terrenos, que eram improdutivos estão cada vez mais verdes.
De acordo com o secretário do Meio Ambiente de Arapongas, Luiz Gonzaga Pereira, os moradores passaram um período de treinamento com uma equipe especializada e estão preparados para dar continuidade ao projeto.
Além disso, o objetivo das hortas comunitárias é fomentar a articulação entre a comunidade e parceiros locais do Banco do Brasil. “As hortas irão trazer interação entre as pessoas e economia para a comunidade”, acrescenta.
As duas primeiras plantações, segundo Gonzaga, servirão de projeto piloto para a implantação da ideia em todos os bairros de Arapongas. “Ao lado da horta do Arapongas III já temos um terreno apto para a plantação de mandioca. Logo, logo os moradores estarão mexendo lá também”, reforça.
Segundo o horticultor e ambientalista Eugênio Ferreira, que auxilia os moradores desde o início do projeto, o adubo utilizado nas hortas foi orgânico, e os alimentos estão livres de agrotóxicos. “Deixamos tudo limpinho par a poder plantar as sementes. Queremos dar prioridade para um alimento saudável”, explica.
Eugenio espera que as hortas alcancem todos os bairros da cidade, assim como o seu projeto “Horta Escolar”, em que o horticultor dá aulas como plantar para alunos de 8 a 12 anos, de diversas escolas de Arapongas. “Tudo é feito com muito amor. Temos que cuidar da natureza e passar isso para frente”, acrescenta.
Vizinhança organizada
A horta do conjunto habitacional Piacenza tem cerca de mil metros quadrados e conta com 8 espécies de legumes e verduras diferentes. Quem comanda é a dona de casa Vandenilda Aparecida Claro, 43. “Me interessei pelo trabalho desde o começo porque vai trazer benefícios para as nossas famílias. Além de economizar, vai trazer mais qualidade de vida e unir a comunidade”, ressalta.
A coordenadora da horta ainda não sabe como vai ser a divisão dos alimentos, mas tem algumas sugestões. “Acho que seria bom cada pessoa ficar responsável por um canteiro e quando for colher trocáramos os alimentos. Mas ainda não sabemos ao certo o que vai acontecer”, complementa.
O operário João Batista da Costa, 47, e a esposa, a cuidadora Vanda Clara Esperidião, 43, vivem há dois anos com os filhos na região e trabalham juntos na horta. “Vai trazer muitos benefícios para a nossa família. Além de ajudar no orçamento, são alimentos saudáveis, a gente coloca o papo em dia com os vizinhos e ainda dá muita risada”, explica Vanda.