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Hospital da Providência comemora 70 anos

Adriana Savicki

| Edição de 21 de janeiro de 2017 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022
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De um prédio simples levantado em uma rua poeirenta a uma estrutura de alta complexidade com cerca de 190 médicos e é a principal referência de atendimento público de uma população de 300 mil pessoas, a trajetória do Hospital da Providência se confunde com a do município. Tanto que a instituição completa neste ano 70 anos de atividades, em um período marcado por um novo projeto de expansão e modernização.

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Administrado pelas Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo desde 1956 com a chegada das primeiras freiras, o hospital filantrópico é referência em atendimento público no Vale do Ivaí. Os números do hospital impressionam. Somando as duas unidades – o Hospital da Providência e o Providência Materno Infantil – são 240 leitos, 16 vagas de UTI, ambulatório, pronto socorro, maternidade, centro cirúrgico, entre outras estruturas responsáveis pela realização de 4,6 mil consultas e mais de 700 cirurgias mensais. Só em nascimentos, são mais de 200 a cada mês. Para manter toda essa estrutura funcionando, o Providência tem cerca de 600 funcionários e está entre os maiores empregadores de Apucarana.


O ano comemorativo dos 70 anos do hospital foi aberto ontem, com uma feira de saúde na Praça Rui Barbosa, onde profissionais do Providência levaram atendimento gratuito para população. Um bazar com produtos feitos no hospital – muitos não sabem, mas a cozinha da instituição produz, além das centenas de refeições dos pacientes, pães, bolachas e outros quitutes famosos também foi levado para praça. A data também foi lembrada em uma missa solene, na noite de ontem. Ao longo de 2017, ainda estão previstos vários eventos alusivos à data – o hospital vai ser homenageado na Câmara de Vereadores no mês que vem –, mas o que deve entrar para a história do hospital é o processo de ampliação do Providência.


O hospital espera iniciar neste ano as obras de ampliação do terceiro pavimento do prédio que vai abrigar a maternidade. O projeto obteve – ano passado – o aval do Governo do Estado, que se comprometeu em liberar R$ 10 milhões em recursos. Parte do dinheiro sairá ainda neste ano. O novo andar, com 2,4 mil m², contará com quartos, uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal, enfermaria, centros obstétrico e pediátrico, entre outros serviços voltados para bebês e crianças.


A ampliação, entretanto, é apenas parte do processo. A diretora do Providência, irmã Geovana Aparecida Ramos, destaca que outra conquista importante do hospital que está em andamento é a obtenção da certificação ONA, sigla para Organização Nacional de Acreditação, que é um processo que reconhece a qualificação específico para a área hospitalar. “Essa é uma certificação que vai garantir mais segurança e humanização no atendimento ao paciente”, comenta.


Para obter a certificação, o Providência precisa desenvolver um plano de ação, além de criar um núcleo de gestão de qualidade. Capacitações de funcionários, adoção de novos procedimentos e modernização do sistema também fazem parte do processo caso, por exemplo, da informatização dos prontuários dos pacientes, que está em fase de implantação no hospital.
Segundo a irmã, o principal desafio do Providência, assim como de todos os hospitais do país, é se manter em qualidade de serviços ante a falta de recursos crônica do sistema de saúde. “Oitenta por cento dos nossos serviços são custeados pelo SUS, de modo que quase todo nosso atendimento demanda de recurso público. E, como todos sabem, sempre falta dinheiro”, comenta.

Programa de Residência entra no 3º ano
Para o vice-diretor clínico do Hospital da Providência, Hugo Gnecco, a implantação do programa de Residência Médica, em 2014, é um divisor de águas na história do Providência. Implantado com 4 especialidades: cirurgia geral, clínica médica, medicina e saúde da família e pediatria, o programa, além de trazer ao HP status de hospital formador de profissionais, ajudou a ‘oxigenar’ o corpo clínico local.

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“O programa ajuda a melhorar o atendimento em todos os níveis do hospital na medida que os residentes circulam entre os setores, levantam questões e são responsáveis por um processo de renovação”, analisa.
Gnecco destaca que com o programa, o hospital tem a possibilidade de formar seus próprios profissionais. “Formando os especialistas, muitos profissionais podem acabar ficando na cidade, reforçando nosso quadro”, comenta Gnecco. Ele mesmo, aliás, passou por esse processo. Formado na UEL em 2005, ele ingressou no corpo clínico do hospital em 2008 como plantonista, virou residente e hoje está se especializando em nefrologia. “Vim e acabei ficando”, afirma.


Entrando no terceiro ano, o programa tem 11 residentes e abre, neste ano mais 9 vagas nas especialidades ofertadas. Gnecco destaca que uma das metas do hospital é ampliar a oferta de especialidades do programa de residência.
No segundo ano de residência em Clínica Médica, Marianne Leite Carolo veio de Campo Mourão para participar do programa. Ela comenta que o fato do Providência ser referência em uma região com muitas realidades diferentes, torna a residência muito dinâmica. “A riqueza de casos que atendemos é muito grande, o que é importante para essa área. A variedade do atendimento prestado é muito grande”, comenta.

Administração com responsabilidade e vocação
Se a história do Providência se confunde com a de Apucarana, a trajetória do hospital é um reflexo da atuação das Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo – uma congregação com sede na França cuja característica principal é o trabalho comunitário - , que chegaram pela primeira vez ao hospital em 1956 para atuar como enfermeiras e administradoras. Apesar de presentes desde então, apenas em 1970 assumiram legalmente a instituição – na época o hospital era municipal – atendendo a um apelo do bispo Dom Romeu Alberti.


Foi na administração das irmãs que o hospital cresceu e passou a ser referência no Vale do Ivaí. Atualmente em número bem menor que no passado – são seis nos dois hospitais – elas atuam em áreas administrativas chave e vivem uma rotina extensa que envolve muito trabalho e fé.
Elas moram no hospital – no andar que será ampliado para dar espaço para maternidade – para ficarem disponíveis a qualquer momento, e dividem seu tempo entre a rotina de trabalho puxada que uma grande empresa como o hospital exige e com suas atividades religiosas, o que inclui ir à missa diariamente e seguir os compromissos da congregação o que implica, por exemplo, no conforto aos doentes. Quem já esteve internado no hospital sabe que a visita das irmãs é pontual. Coordenar essa parte do atendimento é trabalho da irmã Marilda Cardoso, que coordena a Pastoral Hospitalar. A irmã é uma das mais antigas de casa. “Atuei aqui na década de 80 por muitos anos, fui embora e retornei”, comenta, explicando que essa mobilidade é uma característica da congregação. A Província a qual as irmãs pertencem administra um conglomerado composto por mais cinco hospitais no Paraná e Santa Catarina e as irmãs passam por outras unidades.


Desde 2012, a administração das unidades foi unificada. No ‘choque de gestão’ decorrente disso, muita coisa mudou na administração do hospital.
“Hoje temos um rigor maior, inclusive de prestação de contas externas e isso é bom”, comenta a diretora geral do Providência, irmã Geovana Aparecida Ramos. Questionada sobre o desafio de aliar o ideal de caridade da congregação com a administração empresarial da instituição, ela afirma que esse é um trabalho de ‘responsabilidade e vocação’. “Nós administramos sem tirar a essência desse trabalho de caridade, mesmo porque falta de saúde também é pobreza”, comenta.


Em 2017, além dos 70 anos do Hospital da Providência, as irmãs comemoram os 400 anos do carisma vicentino. “Para nós é muito significativo que o ano comemorativo do hospital coincida como a comemoração do carisma, é uma data muito marcante”, finaliza.